Rio - O efeito-dominó causado pela queda do preço do barril do petróleo no mercado internacional é o que mais preocupa os municípios do Norte Fluminense e Região dos Lagos. Macaé, por exemplo, começou o ano com projeção de perda mensal de R$ 15 milhões e já passou para R$ 25 milhões, chegando a R$ 300 milhões por ano.
"É uma perda insuportável, que provoca uma reação em cascata sobre a economia. É uma grande onda, que traz efeitos nos royalties, nas participações especiais, no ICMS. A Petrobras já anunciou que não vai investir, os leilões para novos campos estão adiados e a produção vai cair", afirma o prefeito Aluizio dos Santos Júnior, o Dr. Aluizio, em entrevista ao DIA.
Eleito ontem presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), ele disse que só de ICMS este mês foram menos R$ 6 milhões no município, fora os R$ 10 milhões em royalties e outros R$ 8 milhões em participações especiais. De janeiro para fevereiro, a queda nos royalties foi de R$ 10 milhões.
Além de cortar 10% do próprio salário, do vice-prefeito e dos secretários, de reduzir os contratos em 20% e realizar uma série de medidas de contenção nos custos, Dr. Aluizio enviará uma nova mensagem de reforma administrativa à Câmara de Vereadores com mais cortes.
"De 30 órgãos e autarquias na administração direta e indireta, passaremos a ter menos de 20. Vamos reduzir mais 300 a 400 cargos - no ano passado, cerca de 1 mil foram extintos", comentou.
Novas alternativas
Para Dr. Aluizio, os municípios têm que se adaptar a este novo cenário. "Este é só um momento. A indústria do petróleo vai se reestabilizar em 2016, 2017", disse ele. No entanto, o prefeito defende o aproveitamento do potencial das regiões para desenvolver novas fontes de energia, como biocombustíveis, energia eólica e solar.
Ele ainda destacou a importância de envolver a indústria no movimento para uma economia do petróleo mais organizada na região. "Não podemos ser uma instituição fechada. Temos que nos associar a todas as instituições do setor - Onip, IBP, Abespetro, IADC, associações comerciais e outras", disse.
Na reunião em que foi escolhido presidente da Ompetro, posto antes ocupado por Rosinha Garotinho, prefeita de Campos, Dr. Aluízio falou da importância do esforço integrado entre os municípios, como o fortalecimento do Núcleo de Desenvolvimento Regional.
Criado como resultado da Carta de Búzios, assinada recentemente por prefeitos da região, o Núcleo será responsável por buscar junto ao governo federal medidas que auxiliem a estabilidade econômica e social da região responsável por 80% da produção nacional de petróleo e que abriga uma população de 1,2 milhão de habitantes. A Ompetro aguarda um encontro com a presidenta Dilma Rousseff, que deverá acontecer dia 6, em Brasília.