Por felipe.martins

Rio - Os trabalhadores das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) decidiram, na manhã de quarta-feira, decretar greve até a próxima segunda-feira, quando voltam a se reunir para discutir uma possível nova proposta patronal. A categoria rejeitou a oferta de aumento de 6% para quem ganha até R$ 5 mil, nada para os que recebem acima deste valor e a elevação para R$ 440 do vale alimentação, que está em R$ 410.

Os grevistas reivindicam reajuste baseado no índice de inflação dos últimos 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e ganho real. “Orientamos a categoria que o melhor seria parar somente na segunda-feira, mas ela estava determinada a fazer a paralisação a partir de hoje (ontem). Tanto é que a aprovação foi unânime. Em virtude de tudo que já vinha acontecendo achei que o pessoal esperou até demais. Ano passado, no quinto dia útil de fevereiro, nós já estávamos em greve”, revela Paulo César Quintanilha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Manutenção e Montagem Industrial de Itaboraí (Sintramon).

Cerca de 250 metalúrgicos da indústria naval fizeram%2C ontem%2C um protesto em frente à sede da PetrobrasCarlos Moraes / Agência O Dia

O presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), Cláudio da Silva Gomes, participou da assembleia. “A luta dos trabalhadores sempre foi feita de sacrifícios e não vai ser diferente em momento algum. Acho que os trabalhadores tomaram a decisão mais correta e cabível neste momento”, avalia Gomes.

PROTESTO NA PETROBRAS

Cerca de 250 metalúrgicos da indústria naval fizeram um protesto em frente à sede da Petrobras, no Centro do Rio, na manhã de ontem, em um ato intitulado ‘Em defesa dos empregos do setor naval, da Petrobras e da Transpetro’. Eles reclamaram das demissões e do enfraquecimento do setor por conta dos desdobramentos da operação Lava Jato desencadeada pela Polícia Federal.

Um dos líderes do movimento, Alex Silva afirmou que não responsabiliza a operação pelo desemprego, mas pede para que a indústria naval seja poupada. “A Lava Jato é legítima, mas os envolvidos nos escândalos são empreiteiras e não estaleiros. A Petrobras precisa honrar seus compromissos”, afirmou. Uma comissão do movimento entregou uma solicitação de reunião com funcionários do RH da Petrobras.

Patrões foram pegos de surpresa

Sindicatos patronais informaram que não foram comunicados oficialmente sobre greve e disseram que empresas que operam no Comperj manterão o transporte aos operários na manhã de hoje. Em nota, os sindicatos das Empresas de Engenharia de Montagem e Manutenção Industrial do Estado do RJ (Sindemon) e Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) informaram que foram surpreendidos pela greve iniciada ontem.

De acordo com o Sindemon/ Sinicom, as negociações com o sindicato dos trabalhadores vinham ocorrendo normalmente e uma nova reunião deverá ocorrer amanhã.

“A lei determina que os trabalhadores somente podem parar de trabalhar após o comunicado ao sindicato, o que deve ocorrer 48 horas após a decisão da greve em assembleia. Como não foram comunicados, os consórcios de empresas irão disponibilizar os ônibus nesta quinta-feira (hoje) e esperam que os operários compareçam ao trabalho”, afirma parte da nota.

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