Rio - Em pouco mais de dois anos no poder, o prefeito de Cabo Frio, Alair Corrêa (PP), trocou cinco vezes o secretário de Saúde. Ontem, anunciou o nome do sexto: o dele mesmo. Alair culpou a queda nos repasses de royalties do petróleo para a crise na saúde da cidade. Além de afastar o secretário, Carlos Ernesto Dornellas, o prefeito demitiu 100 médicos entre os 960 que trabalhavam nos seis hospitais, duas UPAs e dezenas de postos de saúde da cidade.
“Foram cortes necessários. Com a queda na arrecadação, não há secretaria que segure tamanha falta de recursos”, diz ele, lembrando que somente as participações especiais do petróleo para o município passaram de R$ 34,6 milhões em maio de 2014 para R$ 4,8 milhões, como ‘O Dia no Estado’ mostrou ontem. Este repasse é feito a cada três meses, com base na produtividade dos campos de petróleo. Já em royalties, pagos mensalmente, foram mais R$ 43 milhões de perdas em três meses.
O prefeito vai acumular as funções e nesse período o secretário de Governo, Antonio Martins de Oliveira Filho, vai tomar conta da “parte governamental” da prefeitura. O prefeito e novo secretário criou ainda uma comissão para fazer uma auditoria que deve ser concluída daqui a três meses. “Assim que terminar esse raio-x na saúde da cidade, teremos um novo secretário.” Apesar da surpresa que causou, Alair afirmou que seu objetivo é dinamizar o setor nas melhorias ao atendimento à população, além de facilitar a relação com os fornecedores na hora de negociar os prazos de pagamento.
Para o diretor do Sindicato dos Médicos do Rio, José Alexandre Romano, qualquer demissão na rede de saúde neste momento é um verdadeiro genocídio. “Não existe defesa para um corte desses. É inadmissível uma prefeitura depender dos royalties do petróleo dessa maneira.”, disparou. Romano afirmou que o sindicato vai tomar as medidas possíveis e que vai colaborar com os médicos demitidos.