Rio - A cada ano, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) — que será aberta na próxima quarta-feira — atinge fronteiras mais distantes da Costa Verde. Da Baixada ao Sul Fluminense, cidades de todo o estado se inspiram no sucesso que a feira atingiu para estimular a leitura em diversas classes sociais.
Diante dos resultados da primeira Flir, a Feira do Livro de Resende, entre os dias 12 e 14 de junho, já é possível apostar que o evento tem tudo para crescer nos próximos anos. Foram cerca de 20 mil pessoas circulando pelo Parque de Exposições de Resende, entre leitores e educadores. Escritores locais, como Macedo Miranda, e autores como Pedro Gabriel e Elisa Lucinda, prestigiaram a feira. Trinta expositores participaram.
Uma das organizadoras, Amanda Elias Pereira, reconhece que o evento é mais um "filho" da Flip. “A gente já participa da Flip como visitante e quer trazer exatamente isso para a região. Muitas pessoas daqui não têm acesso a essa oferta e queremos reproduzir o modelo”, afirma. “Desejamos que vire uma feira anual no calendário de Resende”, completa.
Novidade na Festa de Santo Antônio, a terceira Feira Literária de Duque de Caxias também atraiu centenas de pessoas ao Centro da cidade, que em boa parte não tinha intimidade com a literatura. Nos dias 8 e 9 de julho, escritores estrangeiros que participarão da Flip estarão no município da Baixada para uma mesa de debates no Teatro Municipal Raul Cortez, com entrada franca.
“Sem dúvida a Flip foi uma grande inspiração para o Brasil inteiro. Por conta dela a literatura deixou de ser algo chato e passou a ser interessante para o grande público, invadindo praças e locais públicos de fácil acesso. Além da parceria com a Flip, estamos pensando em emancipar a feira em relação à festa de Santo Antônio”, afirmou o o subsecretário de Cultura e Turismo de Caxias, André Oliveira.
Uma das primeiras no segmento, a Felicitá – Feira do Livro da Cidade de Itaboraí completou ano passado 21 edições, reunindo 26 mil visitantes para bate-papos, apresentações musicais, contações de histórias e lançamentos de livros. A expectativa para este ano é superar o sucesso da edição anterior, que reuniu nomes de peso como Ziraldo, Danilo Caymmi, Bia Bedran e Laura Muller. Mais duas grandes editoras já confirmaram presença.
Evento cria negócios e empregos
O curador da Flip, Paulo Werneck, reconheceu a influência do festival nos feiras de todo o país, desde a sua criação, desde 2003. “A gente percebe essa influência até no nome dos festivais que vão surgindo, como Flir (Resende) e FliPorto (Pernambuco). A Flip trouxe esse modelo novo de divulgação literária, que proporcionou um sentido cultural para muitas cidades que não tinham turismo de qualidade cultural”, disse.
As 500 pousadas e hostels de Paraty lucram com a Flip, o mais importante dos 12 grandes eventos que a cidade realiza anualmente, gerando centenas de empregos temporários. Cerca de 25 mil pessoas são esperadas no evento. Comércio e hotéis se adaptam para aproveitar a demanda turística, como a Pousada Porto Imperial, que costuma ficar lotada. Este ano, o espaço criou um menu inspirado em obras de Mário de Andrade, que tinha grande interesse por culinária. “Nosso objetivo é trazer a Flip para dentro da pousada através de pratos criados especialmente para a festa literária. Fizemos pacotes incluindo café e jantar”, conta o gerente Adriano Lemos.
?Reportagem de Lucas Gayoso