Rio - Moradores de Maricá estão no meio de uma guerra entre a prefeitura e empresários de ônibus. O prefeito Washington Quaquá (PT) decidiu manter, no fim de semana, a circulação dos ônibus conhecidos como “vermelhinhos”, que transportam a população de graça.
As duas concessionárias, que exploram o serviço há décadas, se sentiram lesadas e obtiveram na Justiça a suspensão da frota da EPT (Empresa Pública de Transportes), responsável pela gratuidade. A Justiça estipulou multa diária de R$ 20 mil pelo descumprimento. A prefeitura informou que vai recorrer da decisão.
Em retaliação, fiscais da prefeitura foram às ruas vistoriar a situação dos veículos das concessionárias Viação Costa Leste e Nossa Senhora do Amparo. Dez ônibus foram autuados na operação. De acordo com a prefeitura, os veículos apresentaram problemas como pneus carecas, extintores de incêndio com validade vencida, parabrisas dianteiro trincado, tacógrafo (aparelho que registra a velocidade do veículo) com lacre violado e rampas de acessibilidades quebradas. Alguns estavam com documentação irregular: um deles tinha vistoria vencida, e outro estava com a placa de outra cidade.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado de Rio de Janeiro (Setrerj), autor da denúncia à Justiça, o pedido considerou a concorrência desleal provocada pela EPT no município, trazendo prejuízos financeiros para as concessionárias que ganharam o direito de explorar o serviço até 2020. A prefeitura alega que só os ônibus da EPT atendem passageiros após às 23h.
A intenção do governo é revisar todos contratos com empresas de transporte. “Vamos caçar as concessões para colocar ônibus públicos e gratuitos nos bairros”, anunciou o prefeito Quaquá, que encaminhará à Câmara projeto de lei para que todo o serviço seja feito por empresas públicas. O prefeito anunciou a compra de mais 30 veículos para a frota da EPT, que hoje conta com 13.
Empresa vai contratar em concurso
A criação da Empresa Pública de Transportes (EPT), no ano passado, tornou Maricá a primeira cidade com mais de 200 mil habitantes a oferecer ônibus com tarifa zero. Segundo a Prefeitura, a iniciativa foi concebida para acabar com monopólio de 40 anos das empresas de transporte público na cidade. O serviço já transportou um milhão de passageiros.
Na semana passada, a empresa anunciou concurso para 128 vagas. Serão contratados motoristas, engenheiros de tráfego, contadores, entre outros. “É a oportunidade de profissionais de diferentes áreas participarem do maior projeto do governo municipal”, afirmou o presidente da EPT, Luiz Carlos dos Santos.
Reportagem de Lucas Gayoso