Por rosayne.macedo

Rio - A conclusão das obras da refinaria do Comperj, exigida em ato público que reuniu 6 mil pessoas no Centro do Rio na última segunda-feira (24), pode ficar para 2020. A Petrobras admitiu nesta quinta-feira (27) que não tem os US$ 2,3 bilhões (ou R$ 7 bilhões) necessários para terminar a obra dentro do prazo previsto de dois anos.

Em depoimento na CPI da Assembleia Legislativa (Alerj) que investiga os efeitos da crise da estatal na economia do Rio, diretores da companhia confirmaram que necessitam de parceiros internacionais para concluir os 15% restantes das obras, que já consumiram US$ 11 bilhões.

“Precisamos que uma empresa parceira injete U$ 2,3 bilhões que nós, da Petrobras, não temos, para construir a chamada refinaria Trem 1”, disse o diretor de Engenharia Roberto Moro. Caso contrário, a empresa deve concluir a construção com capital próprio após 2019, informou o diretor de Abastecimento Jorge Celestino, também ouvido pela CPI.

Prefeito de Itaboraí: subcontratadas podem assumir

Líder do movimento pró-refinaria, o prefeito de Itaboraí, Helil Cardozo, reagiu às declarações. “Itaboraí e os demais municípios do Leste Fluminense não têm mais condições de esperar pelo retorno das obras. A paralisação dessa construção está causando um colapso na economia e nos serviços públicos locais, e a Petrobras tem a obrigação de concluir, o quanto antes, essa refinaria, o que também será bom para o estado e o país”, disse ele.

Cardozo, que também é presidente do Conleste - o Consórcio Intermunicipal do Leste Fluminense, que representa os 15 municípios da região impactada pelo Comperj - acredita que é possível a retomada das obras da refinaria ainda este ano. Basta que a Petrobras contrate, diretamente, as empresas subcontratadas pelos consórcios que realizavam o trabalho, e que agora estão envolvidos na Operação Lava Jato.

Segundo ele, essa opção é legal e garantirá uma redução de mais de 50% dos custos da obra. “Vale ressaltar que nenhuma das subcontratadas foi envolvida na Lava Jato”, disse, por meio de nota. 

Unidade de processamento de gás

Ainda à CPI da Alerj, diretores da Petrobras informaram ainda que a empresa irá gastar mais U$ 2 bilhões para concluir a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) que faz parte do Comperj e toda a infraestrutura de transporte do gás da Bacia de Santos até o complexo. Segundo os diretores, apenas 25% da obra foram realizados. 

A verba para este empreendimento já existe e está prevista no Plano de Negócios da Petrobras. A previsão é que a construção da unidade termine até outubro de 2017. Moro disse que, no próximo ano, com essa unidade, 15 mil operários deverão trabalhar no Comperj. “Esse número vai aumentar com a continuação das obras”, afirmou.

O presidente da CPI da Alerj, deputado Edson Albertassi (PMDB), criticou a decisão da Petrobras de postergar a entrega da refinaria. “Se convertermos para o real, vamos verificar que faltam R$ 7 bilhões para a conclusão da Trem 1, o que, ao meu ver, é pouco para uma empresa que tem, em seu Plano de Negócios, R$ 480 bilhões até 2019”, afirmou. Quando estiver funcionando, a refinaria vai produzir derivados de diesel e querosene.

Proposta volta a ser discutida dia 21

A proposta do Conleste de contratar as subcontratadas para concluir a obra da refinaria já foi levada ao presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, durante encontro em abril e também na semana passada. Neste último, o prefeito entregou ainda uma carta de intenções de investidores coreanos interessados numa possível parceria para a conclusão da refinaria.

Na última terça-feira (25), um dia após o ato que levou mais de 6 mil pessoas ao Centro do Rio para cobrar a retomada imediata das obras da refinaria, Helil Cardozo voltou à Petrobras junto com seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Luiz Fernando Guimarães, e os prefeitos Rodrigo Neves (Niterói), Neilton Mulim (São Gonçalo) e Valber Marcelo (Tanguá).

Na ocasião, a proposta de contratação das terceirizadas foi reiterada diante do consultor de Bendine, Armando Sérgio Prado de Toledo, que confirmou a possibilidade de a empresa adotar a medida. Helil Cardozo volta a se reunir com Aldemir Bendine no dia 21 de setembro, de acordo com agenda já confirmada pela Petrobras.

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