Diego Vaz é subprefeito da Zona Norte Divulgação

Acima de tudo, sou um carioca suburbano. E, como tal, um apaixonado pelas escolas de samba. O destino me levou a ser o gestor da região onde orgulhosamente nasci e fui criado. Portanto, não foi obra do acaso que a soma desses fatores me pusesse na condição de ser um dos líderes desta verdadeira revolução na folia da Zona Norte. A Nova Intendente nasceu para escrever uma nova e bela página da história de festas do Rio de Janeiro.
Nasceu de desejos, mas também de necessidades. Havia 17 anos que o concurso das agremiações dos grupos de acesso era feito na Estrada Intendente Magalhães. A infraestrutura diminuta não se adequava ao Carnaval carioca. O antigo local criava transtorno a moradores que eram obrigados a conviver na porta das suas residências com as dificuldades causadas pela construção de uma passarela. Isso sem contar que o cortejo se iniciava à porta de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – o que, por si só, era algo incompatível e inadmissível.
Passado o Carnaval fora de época de 2022, resolvemos arregaçar as mangas e tomar uma decisão dura: mudar o local do desfile. Nada radical. Trouxemos a Passarela para trás. Mas não podia – nem devia – ficar só nisso. Assumimos o compromisso de criar um equipamento público cujas condições pudessem se comparar às do Sambódromo. Iluminação ampliada, sonorização de alto nível, arquibancadas mais amplas e confortáveis. Até camarotes.
Mas isso tudo sem se desapegar do real espírito do Carnaval suburbano: as frisas e lounges estarão gratuitamente abertos ao público - que pode levar sua comida, sua bebida (desde que não seja em garrafas de vidro) -, os reais protagonistas de todo esse movimento.
Se essa democratização social da festa se mantém do lado de quem assiste, a Nova Intendente levará essa condição também às escolas de samba. Com maior infraestrutura, diminuirá o vácuo que há entre as agremiações que se exibem no subúrbio e as que encantam a Sapucaí.
O espaço para o surgimento de novos artistas e profissionais – que encontrarão condições melhores de exibir seus talentos – aumentará. Naturalmente, isso vai impactar positivamente na rede da Economia criativa, que possibilitará maiores possibilidades de geração de renda e emprego. Não só para quem samba na pista, mas para quem trabalha direta ou indiretamente na preparação da festa.
Todos esses fatores desaguam em outro que, para mim, é muito caro: a valorização positiva da imagem da Zona Norte. Nossa região é alvo de discriminação social – nesse aspecto, anda de braços dados com o Carnaval. Nada mais justo que, juntas, a região e a festa, imponham-se como protagonistas da folia, orgulhosamente suburbana.
Um recado para o povo da Zona Norte. Sigam o conselho de Dom Hélder Câmara (que, aliás, batiza uma de nossas principais vias): “Brinque, meu povo querido! Minha gente queridíssima. É verdade que na quarta-feira a luta recomeça, mas ao menos se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida!”.
Diego Vaz é subprefeito da Zona Norte