Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

Impressionante a obra de Aspásia Camargo e Marcio Santa Rosa sobre o saneamento, a história da água no Rio e no mundo, desde os seus primórdios. São 900 páginas, que não assustam, pois valem como uma pós-graduação no assunto e mais na História do Brasil e da cidade do Rio de Janeiro.
Aspásia é pesquisadora, escritora, ambientalista, dotada de espírito público e cuidou da pesquisa e interpretação das políticas através dos séculos aqui e no mundo. Marco Santa Rosa conhece, como engenheiro, o assunto em profundidade.
O livro evidencia a grande mudança no setor a partir da venda de concessões de distribuição da Cedae, em operação que tornou a dívida do Estado do Rio administrável, garantiu bilhões de investimentos na qualidade da água e no tratamento de esgotos. A medida se deve à coragem cívica do governador Cláudio Castro e ao gerenciamento de seu eficiente secretário Nicola Miccione, que soube montar o pós-privatização modernizando a empresa e a preparando para ser uma grande corporation, com capitais e gestão privados.
Um roteiro a ser seguido por estados e municípios, desde que não se confirmem interferências estatizantes como as propostas no grupo de transição pelo deputado eleito Guilherme Boulos. Seria uma insensatez mexer no que se mostrou certo.
Uma política de eficiência no saneamento básico, como se sabe, terá efeitos diretos na Saúde e na mortalidade infantil. É investimento de alcance econômico e social. Água é tratada, transportada e deve ser paga. Compensa sob todos os aspectos. E está ligada ao meio ambiente. Importante despoluir rios, lagoas e lagos de nosso estado.
E isso já começa a ser feito. Os avanços obtidos pela presença do setor privado impressionam e estão comprovados na grande obra. Araruama, por exemplo, desde que passou a ter sua rede de esgotos tratada, sua lagoa saneada, voltou a ver o turismo crescer, empregando e fazendo circular a riqueza em seu comércio.
Para se avaliar a importância da abertura do setor, que não pode sofrer reparos ideológicos, pode ser estimado pela previsão de investimentos em dez anos de mais de R$ 500 bilhões para se chegar a uma presença do saneamento comparável às sociedades mais desenvolvidas. A Cedae em breve pode ser compartilhada com acionistas privados, no modelo da Eletrobrás.
Livro que não pode ficar nas gavetas, deve ser levado às universidades, aos centros de estudos, aos profissionais que lidam com o assunto e aos políticos que efetivamente se interessam pelo bem-estar da população. O trabalho desses dois estudiosos não pode ser ignorado e muito menos não ser divulgado onde deve se converter numa verdadeira bíblia.
Aristóteles Drummond é jornalista