Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Saímos de uma decisiva eleição em que a maioria dos que foram votar fez a pior opção, jogando o país numa perigosa aventura. Mas a outra opção, embora vinda de um bom mandato, era personificada numa figura menor, sem condições comportamentais de dirigir um município de porte médio. Ambos não atendiam o que a sociedade desejava e o eleitor votou por exclusão na sua grande maioria. Lula, mais esperto e articulado, deixou que o oponente caricato fizesse campanha por ele.
O deserto de homens ficou patente quando não se conseguiu uma terceira via que inspirasse confiança à sociedade. E mesmo fora daqueles cogitados, o universo político do Brasil está pobre a ponto de não ter surgido um bom nome. Caso o primário Bolsonaro tivesse percebido a derrota, poderia ter tido o gesto de indicar para o pleito um de seus notáveis ministros, o hoje governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, ou a
senadora Teresa Cristina.
No campo das ideias, o deserto é muito claro. Ambos os candidatos que disputaram o segundo turno são homens de pouca leitura. Não sabem nem interpretar a linha de pensamento que imaginam representar. Bolsonaro fez uma opção melhor e teve precioso auxiliar na Economia em Paulo Guedes. Lula poderia ouvir mais o seu vice-presidente , de bom senso e experiência.
Neste momento, não existem muitos nomes no Congresso, mesmo entre os bons parlamentares que lá estão prontos a comandar uma oposição de bom senso, racional, pragmática. Entre os descontentes com os rumos deste governo dificilmente haveria união em torno de um nome experiente, com comprovada sabedoria política. Com a aprovação dos aloprados bolsonaristas.
No Parlamento, o deputado Aécio Neves, vai se recuperando depois da campanha comandada pelos que invejam seus exitosos mandatos à frente do governo de Minas e a quase vitória na eleição de 2014. Outros nomes seriam os ex-presidentes José Sarney, com mais de 90 anos, e Michel Temer, este comprometido pelas ligações tóxicas. FHC não une e sempre andou como linha auxiliar do PT.
Com o passar dos anos, os erros repetidos podem fazer surgir nas forças vivas da nacionalidade uma liderança. Mas vai exigir tempo e o preço a ser pago pelo país pode ser grande.
Tudo vai depender do Congresso e da manutenção da ordem pública. Mas sem dispensar um projeto realista de garantir o progresso. O programa socializante do governo, anacrônico, nos fez lembrar o deserto de ideias a que se referia Aranha. Ou, pior, péssimas ideias.
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