Arte coluna Opinião 24 abril 2023Paulo Márcio

O debate ideológico volta a vida nacional. Decorridos tantos anos, o mundo conhecendo tantas experiências, o Brasil volta ao passado e ignora os erros, equívocos e a realidade do mundo que vivemos. A questão das estatais, por exemplo, é emblemática. No Brasil e no mundo inteiro a atividade empresarial em mãos do Estado gerou corrupção, privilégios e ineficiência. Claro que com ilhas de eficiência como no caso brasileiro, que teve boas gestões em suas empresas de referência no período militar, como Vale, Petrobras e Eletrobrás.
Mas a Petrobras, quando gerida politicamente, provocou escândalos de corrupção e a maior dívida mundial de uma empresa. Bastaram quatro anos de boa gestão, apesar das trapalhadas intervencionistas do presidente Bolsonaro, para ser uma das três mais lucrativas do mundo. E agora? O ideal é mesmo privatizar, abrir para a concorrência, para a produtividade e competitividade desejáveis em setor tão estratégico. As maiores economias do mundo acabaram com suas estatais de petróleo e energia. Até a estatizante França. Mas o que assistimos é a volta do crescimento da Petrobras.
O Brasil vive hoje do agronegócio, todo ele privado e que não tem maior lucratividade pelos custos de transportes e portos, além da carga fiscal. Precisa apenas de paz, de respeito e não conviver com invasões e sabotagens criminosas como as ocorridas nos anos anteriores do PT, em que nem centros de pesquisas foram respeitados.
Além da incrível impunidade dos criminosos que levaram pragas para os cacaueiros baianos, que ainda se ressentem na produção. Não estamos de todo prejudicados no cacau pela produção do Pará, curiosamente exemplar no respeito ambiental e as margens da Transamazônica, criticada obra dos governos militares. É por essa estrada, feita por iniciativa do ministro Mario Andreazza no governo Médici, que passa a nossa produção de soja proveniente do Centro-Oeste.
Em Portugal, a vitória socialista fez reverter a privatização da TAP e agora o mesmo governo tenta vender a empresa, que já custou nestes anos de reestatizada mais de 200 euros a cada português, mesmo aos que nunca entraram ou viram um avião...
Outra questão relevante é o emprego. A iniciativa privada é que oferece as melhores oportunidades, no emprego ou no empreendedorismo. Leis trabalhistas demagógicas assustam o investimento, assim como a gula fiscal dos estados. No Brasil contemporâneo, chega-se ao inacreditável de autoridades acharem que “um pouco de inflação não faz mal”, que “teto de gastos é bobagem”, que se deve dar “uma chance às
estatais do saneamento”, quando nosso atraso é imenso e a parte privada em pouquíssimo tempo está chegando a resultados excelentes na qualidade e no ambiental.
O Rio já começa a ter praias e lagoas limpas depois de décadas de poluição. Sem atrair investimentos e dar conforto aos que existem, a situação tende a se agravar no econômico e no social. Na Educação, o privado corresponde a mais de dois terços no setor universitário.
E o custo per capita, mesmo com mensalidades caras para o público, é bem menor, e a qualidade por vezes superior do que as públicas. As universidades viraram laboratórios ideológicos, onde se forma esta mentalidade subdesenvolvida para garantir privilégios a
militantes, satanizar o liberalismo econômico que gera o progresso das nações.
O que se passa na cabeça desta gente que defende o indefensável? E nos que apoiam? Nossos exemplos são as democracias prósperas ou os bolivarianos? Isso nem Freud explicaria...
Aristóteles Drummond é jornalista