opina25abrARTE KIKO

A sema que passou foi recheada de datas comemorativas e talvez a mais importante delas seja a que menos foi celebrada, que é o 18 de abril, o Dia Nacional do Livro Infantil, uma homenagem ao grande Monteiro Lobato, do inesquecível Sítio do Picapau Amarelo.
Penso que talvez este, se não um feriado, pois já temos tantos, deveria ao menos ser alvo de mais atenção. Precisamos de um país que valorize mais não só a literatura infantil, mas a infância, a Educação infantil e a criança em escolas onde possam brincar e aprender, brincar de aprender e aprender a brincar. Com menos crianças fora das escolas, a gente vai poder inclusive entender melhor os feriados e as datas comemorativas da semana.
O dia 19 de abril, por exemplo, antes conhecido como Dia do Índio, hoje é o Dia dos Povos Indígenas. E ainda hoje é comum ouvir a pergunta: “Que diferença faz?”. Ora, se os homenageados preferem que nos refiramos ao dia como o dos Povos Indígenas, já seria motivo suficiente para que façamos.
Mas além desta questão, há outra, um erro histórico confirmado pelo próprio IBGE. Cristóvão Colombo, o “descobridor” da América, se referiu àqueles que aqui viviam como índios por acreditar que havia chegado à Índia. Parece 1º de Abril, a divertida efeméride que marca o início deste mês, mas não é. E saber mais sobre os povos indígenas também seria fundamental para a nossa evolução enquanto nação.

A semana também teve o dia 21, feriado de Tiradentes, um dos heróis nacionais, morto por lutar contra a exploração das nossas riquezas e, sobretudo, por não fazer parte da nobreza. O fato de ter sido o único dos inconfidentes condenado à absurda pena capital não foi, por outro motivo, que não a classe social. Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência. Por isso, ainda hoje lutamos na OAB pela isonomia na aplicação das leis, que deve ser efetivamente igual para todos.
Tivemos, por fim, o dia 23, que no Rio de Janeiro é feriado em homenagem a São Jorge e também o Dia Nacional do Choro, referência ao grande maestro Pixinguinha, que o consolidou num ritmo musical genuinamente brasileiro e que, assim como Tiradentes, os povos indígenas e o livro infantil, deveria ser mais celebrado do que ele é.
E o descobrimento do Brasil? Por que não é feriado? Ora, porque até hoje não se sabe ao certo se foi dia 22 de abril ou em 3 de maio. Isto significa que ainda falta muito para o Brasil descobrir o Brasil. Mas um dia a gente chega lá.
Luciano Bandeira é presidente da OAB RJ