Raul VellosoReprodução

Oriundo de um dos Estados mais pobres da federação, de onde minha família emigrou em busca de melhores ventos, vibrei com a informação de que, na média de praticamente os últimos 35 anos (1985-2020, conforme o IPEADATA), o PIB per capita piauiense registrou a segunda maior taxa de crescimento médio de todos os Estados brasileiros: 2,3% a.a., só perdendo para o super dinâmico MT. Nos dois Estados de maior peso, SP e o querido RJ, a média do mesmo período, infelizmente, foi de apenas -0,2% a.a. É chocante o contraste...
O curioso é que isso tenha se dado basicamente em várias gestões praticamente seguidas, entre 2003 e 2022, a cargo de Wellington Dias, eleito há pouco senador e logo nomeado ministro do desenvolvimento social. Seu sucessor é Rafael Fonteles, que foi secretário de fazenda ao longo de muitos desses anos e se mantém fiel, ao que percebi, ao mesmo estilo de governar de seu antigo chefe. De parabéns os piauienses, e, principalmente, a dupla Dias-Fonteles.
Para quem não sabe, especialmente no sul do Estado, ganham proeminência cada vez maior as atividades relacionadas com os segmentos do agronegócio e da energia alternativa, basicamente a solar e a eólica. Já um rápido exame das políticas adotadas mais recentemente e da execução financeira estadual, revela algo altamente relevante. O Piauí parece ter sido o Estado que mais avançou na percepção e na consequente adoção de políticas adequadas do que me parece ser a questão mais complicada e menos percebida que o setor público brasileiro vem de último enfrentando.
Trata-se do fato de que os déficits previdenciários do setor público brasileiro, da União ao menor Estado, basicamente explodiram nos últimos anos, porque, na grande maioria dos entes, especialmente os mais antigos, os regimes envelheceram muito antes de aderir à inexorável capitalização, ou seja, à acumulação de recursos para bancar os gastos previdenciários suficientemente à frente. Pasmem, o Estado de São Paulo, que deveria dar o exemplo, fez, nesse particular, simplesmente zero...
A dupla Dias-Fonteles se deu conta do iminente sorvedouro de recursos e vem seguindo, nos últimos anos, o passo-a-passo correto para resolver o problema, e, nesse particular, tem feito mais que a média. Aprovou a mais profunda reforma de regras previdenciárias já feita (onde a União deixou os entes subnacionais à míngua por não os ter obrigado a adotar a sua própria mudança de 2019), e vem aportando, detalhes à parte, recursos expressivos para completar a capitalização de todo o seu regime de uma forma inteiramente inovadora. Graças a isso, os investimentos públicos estaduais autorizados em infraestrutura, fundamentais para o Estado crescer mais, aumentaram quase 6 vezes, de R$ 0,5 bilhão em 2015 para R$ 2,8 bilhões em 2022, e poderão crescer mais e mais. Esse é um dos motivos para o PIB local continuar crescendo bem mais que seus congêneres. Viva o Piauí!