Renata Bento, Psicanalista - Psicóloga .Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Divulgação

As férias não precisam ser motivo de discussão entre os pais ,sobre quanto tempo a criança irá ficar com cada um. Esse tipo de conduta dos pais costuma estressar as crianças e deixá-las ansiosas, desnecessariamente. Estamos falando de crianças em processo de amadurecimento e de suas necessidades físicas e emocionais; e que precisam de um ambiente amoroso, estável e saudável.

Atualmente existem muitas crianças medicadas e um dos fatores observados é a ansiedade como consequência das discussões entre os pais, a respeito da rotina e disputas sobre a convivência entre residências materna e paterna.

Todas as vezes que os pais entram em desalinho sobre como dividir o tempo dos filhos com eles, a criança sai perdendo e os pais perdem tempo discutindo; desperdiçam esse tempo, que poderia estar sendo utilizado de forma positiva para construir vínculos afetivos sólidos com seus filhos. Além disso marcam de forma negativa a imagem do outro genitor.

Para que a criança se desenvolva de forma saudável emocionalmente, é preciso perceber a importância que tem para a criança a formação de vínculo afetivo com ambos os genitores e a família extensa , independente de estarem ou nao casados..

Não dá para partir a criança ao meio. E não dá para usar a criança como objeto de disputa . Pais saudáveis entendem que o filho é de dois e não uma propriedade ou objeto que deve suprir suas carências afetivas. Pais carentes temem pela perda do amor dos filhos, têm dificuldades em pensar sobre o que é bom para seu filho (a), ou como ele se sente diante dessas disputas, e assim, exigem seu tempo milimetricamente calculado.

Quando os pais vivem em cidades diferentes e a criança reside rotineiramente com um dos genitores, então o ideal é permitir e ajudar a criança a passar um período maior das férias com o outro genitor, uma atitude bastante justa e saudável para a criança. Isto serve também para pais que residem em países diferentes. O tempo com os pais é um direito da criança, não retirem isso dela.

Quando os pais residem na mesma cidade, fica mais fácil dividir as semanas das férias.

Muitos pais se queixam que os filhos não telefonam durante as férias. As vezes a criança não precisa telefonar, e essa necessidade pode ser mais do genitor que ficou sem a criança do que da própria criança. O canal de comunicação deve ficar aberto, mas não deve ser uma rotina de telefonemas. Se a criança sentir essa necessidade, cabe ao genitor que está com ela, favorecer a comunicação. Pais saudáveis permitem que os filhos telefonem para o outro genitor, quando eles desejam. Pais saudáveis não invadem as férias da criança com o outro genitor.

O ideal é evitar cobranças ou chantagens emocionais. O importante é que a criança se sinta amada, segura e acolhida.
* Renata Bento é psicanalista, psicóloga, membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Membro da International Psychoanalytical Association - UK.Membro da Federación Psicoanalítica de América Latina - Fepal. Especialização em Psicologia clínica com criança PUC-RJ. Perita ad hoc do TJ/Rj - RJ. Assistente Técnica em processo judicial. Especialista em familia, adulto, adolescente.