Isa Colli é jornalista e escritora - Opinião Divulgação
A atitude do entregador é louvável. Como escritora e educadora, convivo de perto com a realidade do autismo.
Tanto nos projetos que realizo em parceria com escolas, como na literatura, tenho como uma das prioridades o trabalho para melhorar a vida das crianças com deficiência. No livro "Como música para os ouvidos", conto a história de Nicolas, um garotinho com autismo que era hipersensível ao barulho e preferia ficar isolado no colégio, até conhecer o colega Joaquim, que o apresenta ao compositor Beethoven. Todos na escola acabam sendo influenciados pela atitude acolhedora de Joaquim.
O autismo aumentou consideravelmente nos últimos anos. Estudo divulgado recentemente pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), nos Estados Unidos, revela que 1 em cada 36 crianças aos 8 anos de idade é diagnosticada com o transtorno. Esse número representa um aumento de 22% em relação a estudo anterior, divulgado em dezembro de 2021. Ao transpor essa prevalência para o Brasil, podemos chegar a 6 milhões de crianças com TEA no país.
Muitos não conseguem identificar ou não sabem como lidar com um diagnóstico de autismo na família. Até porque o transtorno tem diferentes níveis, dos mais leves aos mais complexos, que são classificados de acordo com o suporte necessário. Por isso a atitude de Wanderley é tão positiva. Ela traz luz e desmistifica o assunto.
É claro que é preciso haver investimentos em políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce e o suporte às pessoas com TEA e suas famílias. No entanto, histórias como a de Wanderley, João Bernardo, Joaquim e Nicolas nos mostram que a dedicação e o acolhimento podem fazer a diferença na vida dessas crianças, seja na vida real ou na ficção.
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