Ilan Renz. Contadora, empresária e vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CRC RJDivulgação

Ao longo dos anos, a contabilidade se transformou. Antes dominada por homens, hoje registra, nas últimas décadas, um crescimento significativo da presença das mulheres no setor. Segundo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em 1950, elas representavam apenas 4,3% dos trabalhadores da área, mas, em 2020, já são quase a metade dessa força de trabalho (47,4%). Uma trajetória que se confunde com o empoderamento da mulher, que, mesmo diante da dupla e até tripla jornada de trabalho, hoje é protagonista da sua própria história.
Além de posições estratégicas dentro das empresas, as mulheres estão presentes e à frente nos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e no alto escalão do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). São Paulo é o estado com maior número de contadoras e contabilistas, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A presença feminina na contabilidade se tornou mais evidente a partir do século XX, pois antes elas não tinham acesso à educação formal ou oportunidades profissionais. Enfrentavam barreiras significativas, entretanto, algumas conseguiram superar essas limitações, enfrentando preconceitos e dificuldades, e deixaram sua marca, como Mary Harris Smith, na Inglaterra, desafiando as convenções da época e estabelecendo escritórios contábeis.
Hoje, as mulheres impulsionam um ambiente de trabalho mais inclusivo, com políticas de igualdade de gênero, programas de mentoria específicos para mulheres e ações que visem a eliminar a disparidade salarial e as barreiras de progressão na carreira. Elas têm vozes e não só na contabilidade, mas em vários segmentos. Promovem a criação de espaços mais equitativos e de apoio, o que é essencial para capacitar e impulsionar mais e mais mulheres a alcançarem seu objetivo profissional, mesmo em sua maioria tendo dupla ou tripla jornada de trabalho.
Dados do mercado apontam que cerca de 40% das mulheres enfrentam dupla jornada (trabalha e cuida da casa), contra 24% dos homens. As preocupações entre as colaboradoras também são maiores, pois apenas 21% delas se sentem tranquilas, felizes ou realizadas na maior parte do dia.
Reconhecer as realizações das mulheres na contabilidade e em todas as áreas é fundamental para inspirar as próximas gerações. E nada como o início de um novo ano para essa reflexão e reconhecimento.
Ilan Renz
Contadora e conselheira do CRC-RJ