Karla Soares, Assistente Social, Psicóloga e Coordenadora Social do Grupo Cultural AfroReggae Divulgação

O Dia da Mulher Latina-Americana, comemorado em 25 de julho, é uma data de grande importância para refletirmos sobre as conquistas e desafios das mulheres na América Latina.

Como uma mulher preta, sinto-me particularmente conectada a essa celebração, que nos lembra da força, resiliência e contribuição inestimável das mulheres pretas em nossa sociedade. A história da América Latina é marcada por uma rica diversidade cultural e étnica, e as mulheres pretas têm desempenhado um papel crucial na construção dessa identidade. Desde os tempos coloniais até os dias atuais, enfrentamos inúmeras adversidades, desde a escravidão até a discriminação racial e de gênero. No entanto, apesar de todos os obstáculos, continuamos a resistir e a prosperar.

Ao longo da história, mulheres pretas latino-americanas têm se destacado em diversas áreas. No Brasil, nomes como Tereza de Benguela, líder quilombola que lutou pela liberdade de seu povo, e Carolina Maria de Jesus, escritora e uma das primeiras vozes literárias a emergir das favelas, são exemplos de coragem e determinação. Hoje, mulheres como Marielle Franco, cuja luta por direitos humanos e igualdade racial deixou um legado indelével, continuam a inspirar novas gerações. Essas conquistas não são apenas individuais, mas também coletivas.

Movimentos sociais liderados por mulheres pretas têm sido fundamentais na luta por direitos civis, igualdade de gênero e justiça social. Organizações e coletivos em toda a América Latina trabalham incansavelmente para garantir que nossas vozes sejam ouvidas e nossos direitos respeitados. Apesar dos avanços, muitos desafios persistem. A violência de gênero, a discriminação no mercado de trabalho, a falta de acesso a serviços de saúde e educação de qualidade são questões que ainda afetam desproporcionalmente as mulheres pretas. A interseccionalidade de raça e gênero muitas vezes agrava essas desigualdades, tornando a luta por igualdade ainda mais complexa. Além disso, a representação política das mulheres pretas ainda é insuficiente. É crucial que nossas vozes estejam presentes nos espaços de decisão para que políticas públicas efetivas e inclusivas sejam implementadas. A participação política não é apenas um direito, mas uma necessidade para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Em tempos de adversidade, a solidariedade entre mulheres é uma poderosa ferramenta de resistência. A sororidade nos fortalece e nos permite enfrentar os desafios com uma rede de apoio. É através da união que conseguimos transformar a realidade e criar um futuro mais promissor para todas as mulheres. Essa data é uma oportunidade para celebrar essas conexões e reconhecer a importância do apoio mútuo. É um momento para honrar as mulheres que vieram antes de nós e abrir caminho para as que virão depois. É uma chance de reafirmar nosso compromisso com a luta por justiça, igualdade e dignidade para todas. Que neste dia celebremos a força e a resiliência das mulheres pretas. Que reconheçamos nossas conquistas, enfrentemos nossos desafios e continuemos a lutar por um mundo onde todas as mulheres, independentemente de sua cor ou origem, possam viver com dignidade, respeito e igualdade.

Nossa história é marcada por resistência e superação, e nosso futuro será moldado pela coragem e determinação que sempre nos acompanharam. Que este dia seja um lembrete de nossa força coletiva e um chamado à ação contínua. Juntas, somos mais fortes e capazes de transformar o mundo. Celebrar a mulher latina-americana é celebrar a essência da luta, do amor e da esperança que define nossa jornada. Vamos continuar a caminhar juntas, sempre em frente, com a cabeça erguida e o coração cheio de sonhos e possibilidades.
Karla Soares, Mulher Preta, Assistente Social, Psicóloga e Coordenadora Social do Grupo Cultural AfroReggae