Dados e estudos demonstram a importância econômica da indústria têxtil para a cidade de Nova Friburgo. Uma simples consulta a ótima ferramenta on-line disponível pelo portal Data MPE Brasil-SEBRAE revela que o município tem no setor de confecção de artigos do vestuário e acessórios, um de seus principais empregadores para a população friburguense (8,18% dos trabalhadores de carteira assinada).
Destacam-se malharias tradicionais da cidade que perseveram até os dias de hoje, apesar das dificuldades enfrentadas ao longo dos anos. Entre os gargalos e dificuldades que atrapalham o maior crescimento dessa indústria especializada, certamente constam as estradas que dão acesso a Nova Friburgo e que são fundamentais para o escoamento dos produtos têxtis para outras partes do estado do Rio de Janeiro e do Brasil. Afinal, o comércio dessas indústrias para fora da cidade se torna menos convidativo se este passa necessariamente por rodovias esburacadas que aumentam o tempo de viagem e apresentam riscos relacionados à falta de manutenção e ao subdimensionamento diante do volume de veículos que a utilizam.
Nesse contexto, algumas rodovias da região começaram a receber investimentos para recuperar a defasagem histórica que é resultante de suas gestões públicas ineficientes. A concessão responsável por administrar mais de 138 quilômetros da RJ-116 até a chegada a Nova Friburgo, desde 2001, vem realizando investimentos e melhorias, de modo a reduzir o tempo de viagem e o número de acidentes neste trecho. Há aproximadamente dois anos atrás a RJ-130, mais conhecida como “Terê-Fri” que liga as duas cidades, recebeu investimentos do Governo Estadual para sua revitalização e recapeamento de mais de 69 quilômetros, diante das condições precárias observadas à época, o que a melhorou significativamente, ainda que a manutenção já esteja sendo requerida em alguns pontos. Outras rodovias do entorno também são relevantes para o contexto regional de escoamento de produtos, e consequentemente para o sucesso da indústria têxtil friburguense. São os casos das rodovias BR-116/RJ/MG, BR-465/RJ, BR-493/RJ, que recentemente passaram a ser geridas e modernizadas (2022) por uma mesma concessionária privada que liga cidades próximas de Nova Friburgo até a Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Porto de Itaguaí, bem como em direção a Minas Gerais, chegando até Governador Valadares, sendo assim um corredor logístico entre diferentes regiões do país.
Por outro lado, a rodovia que segue sem solução pois tem sua gestão exclusivamente dependente do poder público e enfrenta problemas recorrentes de interdição devido a deslizamentos de terra, com pavimento de má qualidade e parte dela ainda não está asfaltada é a rodovia RJ-148, com 73 quilômetros de extensão entre Carmo, Sumidouro e Nova Friburgo.
O cenário rodoviário fluminense ainda tem muito por evoluir em termos de malha viária. Mas, ainda assim, nossos avanços graduais e perspectivas de melhorias futuras nos permitem ambicionar uma economia mais forte, diretamente vinculada ao desenvolvimento da indústria têxtil, que é orgulho de muitos friburguenses por empregar direta e indiretamente mais de 20 mil pessoas e ser o maior polo produtor de moda íntima do Brasil, podendo alcançar patamares ainda maiores.
* Helio Secco é Doutor em Ciências Ambientais pela UFRJ, graduado em Administração Pública, e empreendedor na área de consultoria ambiental
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