Antônio Geraldo da SilvaDivulgação

Sou médico psiquiatra e atendo pacientes há mais de 30 anos, são pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, de várias partes do Brasil e do mundo, mas em uma das minhas últimas consultas a paciente, uma mulher de 49 anos fez uma pergunta que me fez refletir bastante: Doutor, o que eu posso fazer para encontrar a paz?

A paz é uma construção, cada pessoa tem o seu próprio conceito, formado através de suas crenças e experiências. Inclusive, é um conceito que varia de cultura para cultura, para os judeus a paz é vista como a plenitude de Deus, a completude do ser, o estar bem em todos os sentidos; já para os mulçumanos a paz significa submissão a Deus; para os budistas a paz está relacionada às próprias ações e como elas podem interferir no processo de paz do mundo, portanto para a encontrar a paz é preciso uma ação pacífica.
A paz nem sempre é um contraponto à guerra, ela pode fazer parte de um processo de evolução, em busca do progresso pessoal ou de um grupo de pessoas. É uma palavra pequena com muitos significados e complexidade. Por isso, a resposta a essa pergunta não é tão simples, mas encontrei uma forma de explicar para a minha paciente o meu conceito de paz e como fazer para alcançá-la e vou compartilhar com vocês.

Eu sou um homem do interior, que viaja o mundo, que conhece todos os espaços, mas que sempre volta às origens, eu valorizo o silêncio e a tranquilidade que só o interior pode nos proporcionar, me dá uma sensação de paz.

Para mim, a paz é estar bem, saudável, calmo, focado e concentrado em meus objetivos. É me alimentar bem e praticar exercícios físicos. É uma consonância entre mente e corpo. Quando respeitamos o ritmo natural do nosso corpo e o nosso relógio biológico, estamos em paz. A medicina chama esse ritmo de ciclo circadiano, que é um sistema que regula as principais atividades e processos biológicos, sono, alimentação e metabolismo. Precisamos respeitar o nosso ritmo e assim renovar a cada 24 horas uma vida saudável.
Eu sei que mudar hábitos não é simples, especialmente se levarmos em consideração a rotina familiar, a jornada de trabalho e outras atividades que demandam tempo. Para algumas pessoas será mais fácil, mas para outras será necessário mais do que apenas força de vontade. No entanto, pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na qualidade de vida. O uso de álcool, cigarro e outras drogas pode acarretar muitos prejuízos para a vida, como médico eu só posso aconselhar que nunca faça uso dessas substâncias e afirmar que a mudança desses hábitos pode ser fundamental para uma maior qualidade de vida e longevidade. Nós, médicos, podemos ajudar nesse processo.

Então, estar em paz pode significar também, ter saúde física e mental, equilíbrio e disciplina. Você é responsável pela sua paz e o seu progresso em direção a vida saudável, por isso, se algo não está indo bem com você nesses aspectos, procure um médico, faça os seus exames ou peça ajuda de alguém próximo. Não há saúde sem saúde mental, por isso que o médico psiquiatra pode te ajudar a cuidar da sua saúde mental e prevenir as doenças mentais, vença o preconceito e cuide-se!



Antônio Geraldo da Silva
Psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria