Pedro AbreuDivulgação
Nas últimas décadas, a incidência da doença vem crescendo, com estimativas apontando para mais de 495 mil novos casos por ano no mundo, segundo o Globocan, base de dados da Organização Mundial de Saúde. Somente no Rio de Janeiro, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), serão 1.070 novos registros por ano, até 2025, sendo 490 diagnósticos para homens e 580 para mulheres. Isso ocorre, em parte, devido ao envelhecimento da população e ao estilo de vida.
Os sintomas iniciais são sutis e frequentemente confundidos com problemas digestivos comuns, o que atrasa sua identificação. Entre as principais manifestações estão: dor abdominal ou nas costas, que ocorre em casos mais avançados, de maneira persistente; perda de peso sem causa aparente; icterícia, resultante do bloqueio do ducto biliar; fezes claras e urina escura, devido a alterações na função hepática e na digestão de gorduras; e diabetes de início repentino, especialmente em adultos mais velhos e sem histórico familiar.
A anatomia do pâncreas, localizado profundamente no abdômen, dificulta a avaliação e o mapeamento de pequenos tumores em exames de imagem comuns. Dentre os fatores de risco estão o histórico familiar, tabagismo, obesidade, pancreatite crônica e idade avançada (a partir dos 60 anos). Segundo o INCA, esse tipo de neoplasia tem uma associação genética em cerca de 10% dos casos.
O tratamento ainda depende do estágio em que a doença é diagnosticada. Se detectado precocemente, é possível remover o câncer, por exemplo, em uma cirurgia de Whipple (ou pancreatoduodenectomia). Contudo, apenas cerca de 20% dos pacientes têm essa indicação. A quimioterapia e a radioterapia são opções para reduzir o tumor e fazer o controle. Recentemente, novas possibilidades vêm sendo testadas e oferecidas em casos de descoberta tardia. Um exemplo promissor é a imunoterapia, que estimula o sistema imune a combater células cancerígenas de forma mais eficaz. Contudo, ainda há limitações.
Tratamento com medicamentos específicos que agem diretamente sobre as células neoplásicas em pacientes com mutação BRCA 1 e 2, tem avançado com bons resultados. Apesar disso, essa opção ainda é reservada a situações muito específicas.
O câncer de pâncreas é uma doença complexa e desafiadora, com um prognóstico ainda pouco otimista devido à dificuldade de detecção precoce e à agressividade dos tumores - a taxa de sobrevida de cinco anos gira em torno de 10%. A conscientização dos fatores de risco e sintomas, bem como o incentivo à pesquisa e aos novos tratamentos - como o desenvolvimento de exames de sangue ou biomarcadores capazes de identificar o tumor em estágios iniciais -, é essencial para que possamos enfrentar essa neoplasia com mais recursos e melhorar as chances dos pacientes.
Adotar um estilo de vida saudável pode reduzir os riscos de desenvolver tumores. E, para quem teve o diagnóstico, cuidar da saúde mental também é fundamental.
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