Sydnei Menezes Divulgação/Fernando Alvim

Sexagenário bonito por natureza e esculpido pelo talento de arquitetos, arquitetas, urbanistas, paisagistas. engenheiras e engenheiros, o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, popularmente conhecido como Aterro do Flamengo, tem em sua vizinhança o Pão de Açúcar, a Enseada de Botafogo e a Marina da Glória. Não à toa, completa 60 anos de sua inauguração em 17 de outubro deste ano em plena forma, exercendo o seu papel de ser um importante espaço de lazer para a cidade do Rio de Janeiro.

A extensa área verde, com 1.300.000 m², é lugar propício para atividades que promovem bem-estar aos cariocas em meio ao vaivém dos carros, afinal é inegável a origem da sua concepção dentro de um contexto de urbanização contemporânea baseada no princípio automobilístico.

A memória não nos permite esquecer que o Aterro do Flamengo, construído em parte com material de demolição de morros localizados no Centro do Rio, como o Morro de Santo Antônio, foi idealizado pela paisagista Lota Macedo Soares (1910-1967). Ela conseguiu convencer o então governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda (1914-1977), sobre a importância da realização dessa obra nos moldes em que conhecemos. O projeto paisagístico contou com maior mestre do paisagismo, Roberto Burle Marx (1909-1994), na criação do novo parque com belíssimos jardins, praia, quadras de futebol, tênis, vôlei, basquete, pistas de corrida e até museu.

Se por si só a existência do sexagenário Aterro do Flamengo, também conhecido como Parque do Flamengo, é motivo de comemoração, esse fato não impede que o espaço público mereça ser presenteado. Ganhar um projeto de infraestrutura, turismo e lazer, gestão integrada e sustentável do espaço público de toda sua área verde, envolvendo esferas de governo municipal, estadual e até federal, é, de fato, uma necessidade. Um Plano Diretor, com planejamento para uso e ocupação espacial de todas as suas múltiplas atividades, principalmente na área da manutenção da conservação, entretenimento, infraestrutura de banheiros e alimentação, além de, evidentemente, da questão de segurança, faz-se urgente e indispensável. Vale registrar que garantir a paz é básico e imprescindível para que qualquer área de lazer na cidade do Rio de Janeiro possa de fato funcionar em sua plenitude.

No ano em que completa seis décadas, o Aterro do Flamengo, reconhecido em 2012, pela UNESCO, como Patrimônio Mundial da Humanidade na categoria “Paisagem Cultural Urbana”, é um orgulho carioca, fluminense, nacional e internacional. Vida longa.
Sydnei Menezes é Arquiteto, Urbanista, e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ)