Tia JuDivulgação

No dia 24 de fevereiro de 1932, o Brasil deu um passo histórico em direção à igualdade de direitos ao conquistar o direito de voto feminino. Há exatos 93 anos, mulheres brasileiras passaram a ter o direito de participar ativamente da escolha de seus representantes, um marco que simboliza não apenas a luta pelo sufrágio, mas também a busca por reconhecimento e espaço na esfera pública. Essa vitória não foi fácil nem imediata; ela foi fruto da mobilização, coragem e determinação de mulheres que acreditaram na transformação da sociedade.

Entre essas mulheres, destacam-se figuras como Berta Lutz e Maria Lacerda de Moura. Berta Lutz, líder sufragista e uma das pioneiras na defesa dos direitos femininos, desempenhou um papel fundamental na articulação política que resultou na inclusão do voto feminino no Código Eleitoral de 1932. Sua atuação no cenário político e acadêmico foi decisiva para abrir caminhos às futuras gerações de mulheres. Já a professora Maria Lacerda de Moura, conhecida por seu ativismo e pensamento progressista, contribuiu significativamente para a luta pela igualdade de gênero ao criar grupos de estudo que discutiam não apenas o direito ao voto, mas também a emancipação feminina em diversas áreas da sociedade.

O direito ao voto foi, sem dúvida, um passo crucial. No entanto, a luta pela plena igualdade de gênero continua. Nesses 93 anos, testemunhamos avanços importantes, mas também desafios que nos fazem refletir sobre o futuro do empoderamento feminino. Hoje, mais do que nunca, é fundamental entender para onde caminha essa emancipação. O voto foi apenas o início; o verdadeiro empoderamento feminino passa pela ocupação de espaços de poder e decisão, pela representatividade e pela criação de políticas públicas que garantam a equidade de oportunidades.

No contexto do Legislativo Fluminense, temos visto progressos significativos. Pela primeira vez na história da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, uma sessão para eleger o presidente da Casa foi conduzida por uma mulher – uma honra que tive o privilégio de vivenciar. Esse fato é simbólico e mostra que estamos avançando, embora ainda haja muito a ser feito. A criação da Procuradoria da Mulher na Alerj, da qual sou atualmente responsável, é mais um passo importante na defesa dos direitos femininos e no combate à violência política de gênero. Além disso, o número de mulheres no Parlamento Fluminense cresce a cada legislatura, assim como a presença feminina na mesa diretora, demonstrando que estamos ocupando, com competência e determinação, os espaços que historicamente nos foram negados.

Esses avanços refletem não apenas a força das mulheres, mas também a importância da continuidade da luta por igualdade. O direito ao voto foi a porta de entrada para essa jornada, mas a verdadeira conquista está na consolidação da presença feminina em todos os níveis da sociedade. É essencial que continuemos a inspirar e apoiar mulheres a se envolverem na política, a assumirem posições de liderança e a influenciarem as decisões que moldam o futuro do nosso país.

Ao celebrarmos os 93 anos do voto feminino no Brasil, honramos o legado de Berta Lutz, Maria Lacerda de Moura e de todas as mulheres que vieram antes de nós. Mas, acima de tudo, reafirmamos o nosso compromisso com um futuro onde a igualdade de gênero seja não apenas um ideal, mas uma realidade concreta. Que essa data nos inspire a seguir em frente, fortalecendo a presença feminina na política e na sociedade, para que as próximas gerações possam viver em um Brasil mais justo, inclusivo e igualitário.
Por Tia Ju, Deputada Estadual e Procuradora da Mulher da Alerj