Isa Colli é escritora e jornalista Divulgação

Você já se perguntou quem realmente molda suas opiniões? Com bilhões de usuários ativos diariamente, as redes sociais se tornaram protagonistas na construção da realidade que enxergamos. O que antes era papel quase exclusivo da imprensa e dos círculos sociais próximos, hoje é amplamente compartilhado com plataformas digitais que ditam tendências, narrativas e comportamentos. Diante disso, é inegável que as redes sociais influenciam profundamente a opinião pública e os comportamentos sociais, tanto de forma positiva quanto negativa.
O espaço virtual tem transformado profundamente o comportamento social. As interações humanas tornaram-se, em grande parte, mediadas por telas, curtidas e compartilhamentos. A busca por validação através de números – seguidores, visualizações, reações – influencia a autoestima de milhões de pessoas, especialmente entre os mais jovens.
Essa semana, a troca de farpas entre duas “influenciadoras” dominou a cena não só nas redes, como também nos veículos da mídia tradicional. Duda Guerra, virou o centro de uma discussão on-line após se incomodar com um pedido de outra garota, Antonela Braga, para seguir o perfil do então namorado, Benício Huck, em uma conta pessoal no Instagram. A atitude de Duda gerou um confronto virtual, em que ela acusou Antonela de já ter flertado com jovens comprometidos.
A confusão foi tão grande que até as mães das duas jovens, além de Angélica e Huck, se pronunciaram após a polêmica. O comunicador chegou a fazer uma publicação recomendando a leitura do livro “Geração Ansiosa”, que seguidores interpretaram como uma possível indireta à Duda.
De fato, é uma geração, em parte, dominada pelas redes e pela imposição de padrões estéticos e estilos de vida idealizados que nem sempre condizem com a realidade, provocando frustrações, ansiedade e até quadros de depressão. Soma-se a isso a cultura do cancelamento, que muitas vezes desencoraja o diálogo e a diversidade de pensamento.
No entanto, seria injusto tratar as redes sociais apenas como vilãs. Quando bem utilizadas, elas têm um enorme potencial transformador. Tornaram-se espaços democráticos onde vozes antes marginalizadas podem se manifestar. Pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas e tantos outros grupos historicamente silenciados passaram a ocupar mais espaço no debate público.
Ademais, as redes são ferramentas poderosas para mobilizações sociais: campanhas de arrecadação, denúncias de injustiças, protestos organizados e movimentos como o #MeToo e o #BlackLivesMatter ganharam força justamente nesse ambiente. Também não se pode ignorar o papel educativo das redes, com perfis voltados à divulgação científica, literária e à formação política.
Diante desse cenário complexo, é necessário desenvolver um olhar crítico sobre o conteúdo que consumimos nas redes. Alfabetização digital, senso de responsabilidade e regulação adequada por parte das plataformas são caminhos essenciais para minimizar os danos e ampliar os seus benefícios.
Por Isa Colli, jornalista e escritora