O que vivemos no Rio de Janeiro é mais do que assustador, na verdade é vergonhoso, pois o cidadão carioca, trabalhador perdeu integralmente o direito de se locomover em paz, seja em direção ao trabalho a cada dia, seja para um momento de lazer. Os transportes coletivos, especialmente os ônibus, são alvos constantes de ações de criminosos que roubam, ameaçam e sequestram a qualquer hora do dia. O Estado constituído tem por obrigação assegurar ao cidadão o direito constitucional de ir e vir, mas isso não vem acontecendo.
Para se ter ideia, a cidade do Rio registrou um crescimento de quase 30% no número de roubos a ônibus nos três primeiros meses deste ano. Os dados, do Instituto de Segurança Pública do estado (ISP), registraram que foram pelo menos 1.052 crimes desse tipo apenas em 2025. Nesse ritmo, certamente ultrapassaremos os quase 4.500 que aconteceram no ano passado.
Na última semana, quase 30 pessoas que vinham de Cabuçu em direção ao Centro do Rio, foram as mais recentes vítimas, vivendo momentos de terror nas mãos de criminosos agressivos e destemidos.
Não são poucas as histórias similares de usuários, sejam idosos, mulheres ou crianças. Esses passageiros se sentem vulneráveis e com a sensação real de que não há uma estratégia eficiente de proteção dos coletivos. Segundo o ISP, os bairros com maior número de registros de assaltos a ônibus no Rio de Janeiro são Benfica; Bonsucesso; Higienópolis; Manguinhos; Maré e Ramos, todos na Zona Norte do Rio, uma das regiões que mais tem sofrido com o domínio das facções criminosas.
Segundo o Sindicato dos Rodoviários do Rio, a Avenida Brasil é a região mais crítica e a maioria dos roubos acontece entre 4h30 e 7h da manhã e entre 17h e 21h30, ou seja, envolvem a hora do rush, onde milhares de pessoas vão e retornam do trabalho. Não só passageiros, mas motoristas vivem apreensivos e muitos estão largando a profissão. De acordo com o próprio sindicato, 253 profissionais foram afastados entre 2022 e 2024.
Embora a Polícia Militar tenha trabalhado no combate aos roubos em ônibus, é preciso intensificar as ações preventivas não só na Região Metropolitana, mas também no interior do estado. É um dever do estado proporcionar a esses passageiros, que vivem com medo, segurança e tranquilidade nos seus trajetos do dia a dia.
Marcos Epínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública
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