Lucas CambuyDivulgação
Esses óculos, que costumam atrair pela praticidade e pelo preço acessível, podem parecer uma solução simples para quem está com dificuldades para enxergar ou deseja proteger os olhos do sol. No entanto, o que muitos não percebem é que estão, na verdade, expondo a visão a riscos sérios e silenciosos.
O primeiro problema é estrutural. Armações frágeis, que não se ajustam corretamente ao rosto, podem causar incômodos constantes e até pequenas lesões cutâneas. Além disso, óculos desalinhados comprometem a posição das lentes diante dos olhos, gerando desequilíbrios visuais e desconforto.
Mas o maior perigo está, sem dúvida, nas lentes de baixa qualidade. Essas lentes são, em geral, fabricadas com plásticos simples, sem qualquer controle técnico ou regulamentação. Não oferecem proteção eficaz contra os raios ultravioleta (UV), nem possuem tratamento antirreflexo, o que compromete o conforto visual. Outro fator crítico é o uso de graus genéricos, sem qualquer adaptação à necessidade real do paciente.
O uso prolongado de lentes mal calibradas ou com grau inadequado pode causar uma série de sintomas: dor de cabeça, visão turva, fadiga ocular, dificuldade de concentração e tontura. Em longo prazo, essa exposição constante pode afetar a musculatura ocular, gerar distúrbios na acomodação visual e até acelerar a perda da visão.
Além dos danos físicos, há um problema comportamental importante: ao optarem por óculos de camelô, muitos deixam de procurar um oftalmologista, postergando o diagnóstico precoce de doenças sérias como glaucoma, catarata e degenerações da retina. Essas condições, em sua maioria, evoluem de forma silenciosa e podem ser identificadas somente através de exames especializados — que não são substituídos pela simples troca de óculos.
A diferença entre os óculos vendidos em óticas e os do comércio informal está na origem e na qualidade. Óticas seguem protocolos rígidos, utilizam materiais de grau óptico certificados e confeccionam lentes de forma personalizada, com base na prescrição médica. Já os produtos de ambulantes são padronizados, muitas vezes mal fabricados, e ignoram completamente a individualidade visual de cada pessoa.
Quando falamos em óculos escuros, o risco se intensifica. Lentes escuras sem filtro UV são ainda mais perigosas que não usar óculos nenhum. Isso porque a tonalidade escura induz à dilatação da pupila, permitindo a entrada de mais luz — e, na ausência de proteção, mais radiação UV atinge as estruturas internas dos olhos. Com o tempo, isso pode contribuir para o aparecimento de catarata precoce, degeneração macular e lesões na retina.
Por isso, o melhor caminho para preservar a saúde ocular é simples e eficaz: realizar consultas periódicas com um oftalmologista, identificar as reais necessidades visuais e investir em óculos de qualidade, com procedência e garantia de proteção. A visão é um dos sentidos mais preciosos que temos, e sua preservação começa com escolhas responsáveis — inclusive na hora de comprar um par de óculos.

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