"Foi com essa sensibilidade na gestão que criamos a Casa de Amamentação de Saquarema. Mais do que um espaço físico, implementamos um serviço de acolhimento completo"Divulgação
Quando estava à frente da prefeitura de Saquarema, um dos desafios que mais me tocava era a solidão e as dificuldades enfrentadas pelas mães no pós-parto. Muitas, principalmente as mães solos, saíam da maternidade cheias de dúvidas e anseios, sem saber a quem recorrer. A amamentação, um ato que deveria ser de conexão e afeto, muitas vezes se transformava em uma fonte de estresse e dor por falta de orientação.
Sabíamos também que um problema no aleitamento poderia ser um sinal de algo maior, mais relacionado à própria saúde do bebê. Muitas doenças raras só são percebidas a partir de dificuldades que os bebês têm de realizar algo simples, como a amamentação. Não podíamos fechar os olhos para essa realidade. Era preciso agir e oferecer um atendimento público humanizado e acolhedor para essas mulheres.
Foi com essa sensibilidade na gestão que criamos a Casa de Amamentação de Saquarema. Mais do que um espaço físico, implementamos um serviço de acolhimento completo. Nossas equipes de saúde passaram a ir até a casa das novas mamães, oferecendo consultoria, ensinando as técnicas corretas de amamentação e apoiando na saúde do bebê. O resultado dessa iniciativa fala por si: em dois anos e meio, realizamos mais de 13 mil atendimentos, garantimos a aplicação da vacina BCG e o teste do pezinho, e, o mais importante, evitamos a reinternação de 300 bebês por problemas que puderam ser resolvidos com cuidado preventivo e atenção.
Além disso, realizamos a consulta de puericultura no bebê, que permite uma avaliação completa do seu estado de saúde e, quando identificada alguma questão a ser tratada, já há o encaminhamento imediato ao centro de saúde de referência. Esse é um exemplo claro de como políticas públicas eficientes, acolhedoras e humanas podem transformar vidas.
Ver outras cidades inovando nessa área enche meu coração de esperança. Em Santo André (SP), a tecnologia se tornou uma grande aliada. Através da plataforma Colab, a prefeitura desburocratizou o processo de doação de leite materno. Com um simples pré-cadastro no aplicativo, mulheres que desejam doar podem se conectar ao Banco de Leite do Hospital da Mulher. Essa gestão de sucesso reduz o tempo, a papelada e, principalmente, a angústia de mães que precisam sair de casa em um momento delicado. É a prova de que a governança em rede, unindo poder público e tecnologia, gera resultados extraordinários.
Já em Niterói (RJ), a iniciativa foi ocupar os espaços públicos com um novo olhar. Em parceria com a Fundação Bernard Van Leer, a cidade está criando praças que incentivam o aleitamento materno em público, com mobiliário adaptado e obras de arte que celebram a maternidade. O projeto piloto em Jurujuba mostra como o urbanismo pode e deve ser pensado para acolher as necessidades das mães e da primeira infância, promovendo o bem-estar e a participação cidadã. É a cidade dizendo, em alto e bom som, que amamentar é um ato natural e bem-vindo em todos os lugares.
As experiências de Saquarema, Santo André e Niterói, cada uma com sua particularidade, mostram que o caminho para uma sociedade mais justa e acolhedora passa pelo cuidado com nossas mães e crianças. Garantir uma saúde pública de qualidade, com ações integradas e foco na prevenção, não é apenas uma obrigação, é um investimento no futuro. Que o Agosto Dourado e Lilás nos inspire a fortalecer cada vez mais essa rede de proteção e afeto.
Você conhece algum projeto na sua cidade que faz a diferença na vida das mulheres e das crianças? Compartilhe comigo pelas minhas redes sociais, que você encontra no meu blog (https://manoelaperes.com.br). Vamos juntas construir um futuro com mais cuidado e respeito para todas. Beijo e até a próxima!
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