Por marlos.mendes

Rio - Geralmente é à beira-mar que Tite inicia a sua nova rotina desde a mudança para o Rio. Sua mulher, Rose, é a parceira das caminhadas na Praia da Barra antes de o técnico da seleção brasileira bater o ponto na sede da CBF, religiosamente às 9h30. Metódico, sim, porém, repaginado, Tite se adapta a uma diferente realidade. Sem o contato diário com os jogadores, o técnico assume cada vez mais um papel de gestor. De seu imponente escritório monitora de um telão o desempenho de potenciais selecionados, sempre enriquecido com dados de uma ampla e eficaz rede de informação de sua comissão técnica. Se Renato Augusto ficar resfriado na China, por exemplo, o comandante da Seleção será alertado em pouco tempo.

O contato com os jogadores no campo não é tão frequente na Seleção%2C na qual Tite assume cada vez mais um papel de gestorMaíra Coelho / Agência O Dia

"Eu, como técnico da seleção brasileira, é de minha responsabilidade procurar um canal de comunicação com os técnicos dos clubes e atletas selecionados. Aí compete a ele aceitar, abrir ou não. Mas é minha função. Então tenho as informações dos técnicos, tenho acompanhamento de vídeo, tenho acompanhamento in loco. De forma a saber que tipo de trabalho o técnico do Renato faz. Eu acompanho, sei qual é a linha dos técnicos, o trabalho de cada um deles. O ‘boom’ do Paulinho se deve muito ao trabalho do Luiz Felipe (Scolari) porque ele não rodou com o (Mauricio) Pochettino (do Tottenham). Talvez tenha sido um processo de maturidade. Talvez. Hoje o Paulinho é muito melhor do que o da época de Corinthians, comigo. Ele é um atleta mais completo. Então, é sempre estar monitorando o momento sem o preconceito", explica o treinador.

Treinador da seleção brasileira falou sobre políticaMaíra Coelho / Agência O Dia

Como foi bem dito, Tite é metódico. O início da jornada na CBF tem pausa para o almoço, às 13h. Às 17h, o treinador encerra seu expediente no escritório e se orgulha da rotina de trabalho criada. Na falta do contato diário com os jogadores à beira do gramado, o treinador divide a agenda de viagens com os assistentes (Cléber Xavier, Matheus Bachi e Sylvinho) para acompanhar in loco jogadores na mira da Copa de 2018, na Rússia. A sede do Mundial, inclusive, já recebeu a visita de Edu Gaspar, coordenador de Seleções. Tite sente falta do convívio diário e se ‘alimenta’ de futebol para se manter bem informado e aberto a novas opções.

Secretamente, o treinador acompanha jogos ao vivo no Brasil, como aconteceu no confronto entre Grêmio e Botafogo na abertura do Campeonato Brasileiro. Da Espanha, onde assistiu à semifinais da Liga dos Campeões, entre Atlético de Madrid e Real Madrid, Tite, que já havia comparecido ao duelo entre Juventus e Monaco, seguiu diretamente para Porto Alegre e pediu discrição para continuar sua interminável ‘pesquisa’ sem atrair os holofotes.

A menos de um ano da Copa da Rússia, o treinador garante que a lista de convocados não está fechada. "Posso até errar, uma hora vou errar, mas não o erro do não acompanhamento. Tem uma relação de quase 60 atletas que a gente monitora", comenta o treinador, completando: "Preciso, quero ser justo. Quero colocar a cabeça no travesseiro e dizer: 'Você acompanhou'".

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