Bope realiza operação na favela Bateau Mouche, na Praça Seca, após morte de policialMarcos Porto/Agência O DIA

Rio - Moradores do Bateau Mouche, no bairro da Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, vivem momentos de tensão desde o início da manhã nesta quarta-feira (7). Pelo segundo dia seguido, a região foi alvo de operação da Polícia Militar. O novo dia da ação, que não resultou em prisões ou apreensões, aconteceu cerca 24 horas após a morte do sargento do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Ângelo Rodrigues de Azevedo. O PM foi baleado na cabeça, durante ação na comunidade. 
A ação contou com a participação de blindados e com o sobrevoo do helicóptero da Polícia Militar. Os acessos da comunidade também foram ocupados por viaturas. Na Rua Cândido Benício, por exemplo, que da acesso ao Bateau Mouche, ao longo do dia, circularam várias viaturas do Bope. A movimentação começou logo no início do dia.
De acordo com a PM, militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Grupamento Aeromóvel (GAM) atuaram na área de mata do Campinho e da Praça Seca para coibir a circulação de criminosos na região.
"A Praça Seca tá uma loucura, com helicópteros e 'polícias' pra tudo quanto é lado! Tô passando mal de desespero já", desabafou um morador. "Começou o tiroteio aqui. Deve ser operação da PM pelo assassinato do Sgt do BOPE ontem na Praça Seca", comentou outro. "Helicóptero sobrevoando a região da Praça Seca. Que Deus proteja as pessoas de bem", pediu mais um. "E pensar que a Praça Seca já foi a "Zona Sul" de Jacarepaguá. Hoje tenho medo de passar até durante o dia", lamentou um internauta. 
Na noite desta terça-feira (6), após a operação, moradores fizeram um protesto e atearam fogo em entulhos na Rua Cândido Benício, que chegou a ficar interditada, na altura da estação do BRT do Ipase. Segundo relatos, além do policial militar, um suspeito teria morrido na ação. De acordo com uma publicação, a manifestação foi ordenada por traficantes, que teriam mandado os residentes descerem da comunidade para "implantar o caos" na região. 
Além disso, circula nas redes sociais um comunicado atribuído à lideranças do Comando Vermelho, que ordena os moradores a realizaram um novo ato na manhã desta quarta-feira, a partir das 10h, em um ponto de moto táxi da favela. No aviso, os criminosos dizem que a manifestação é motivada pela "covardia do Estado" pela morte de um traficante e pela presença de militares na comunidade, que seria para matar outros criminosos. No texto, os bandidos autorizam ainda que ônibus do BRT sejam incendiados. No entanto, até o momento, não há registro de protestos na região.
"Pode tacar fogo em tudo, até em BRT, já que o Estado quer peitar, nós vamos mostrar a nossa força e defender nossa favela. Amanhã é para descer geral, porque na hora de pedirem gás e remédio para nós, 'nós dá', então contamos com o apoio de vocês para manter a paz da nossa comunidade. 'Tamo cheio de ódio'", ameaça o comunicado, que é assinado como "a firma".
Confira abaixo:
Traficantes ordenam manifestação em represália a morte de criminoso - Reprodução/Redes Sociais
Traficantes ordenam manifestação em represália a morte de criminosoReprodução/Redes Sociais
PM foi morto com tiro na cabeça
O sargento Ângelo Rodrigues de Azevedo morreu no final da tarde desta terça-feira, após ser atingido com um tiro na cabeça, quando equipes do Bope foram atacadas em uma área de mata da comunidade Bateau Mouche, durante uma ação para reprimir a circulação de criminosos na região. Houve um intenso tiroteio e o policial foi baleado.
A vítima chegou a ser socorrida por colegas para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte, mas não resistiu aos ferimentos. O policial, de 48 anos, estava na corporação desde 2000 e deixa mulher e três filhos. Ainda não há informação de hora e local do sepultamento do sargento.
O Disque Denúncia divulgou um cartaz que pede informações para ajudar nas investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), sobre informações que possam levar à identificação e prisão dos envolvidos na morte do PM.
Familiares do sargento estiveram no Instituto Médico Legal (IML) nesta quarta-feira (7) para fazer a liberação do corpo. No entanto, muito abalados não quiseram falar sobre o assunto.
Somente em 2022, 56 agentes de segurança foram mortos em ações violentas, sendo 37 da Polícia Militar; cinco da Polícia Civil; cinco da Marinha do Brasil; dois da Policia Penal (Seap); dois do Corpo de Bombeiros; um da Policia Rodoviária Federal (PRF); um do Departamento Geral de Ações Socioducativas (Degase); um da Guarda Municipal; um da Aeronáutica; e um do Exército.
O Disque Denúncia recebe informações por telefone no Portal dos Procurados pelo WhatsApp no número (21) 98849-6099 e também nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177. Também é possível fazer denúncias no App Disque Denúncia RJ e pelo inbox das redes sociais do Portal dos Procurados. Segundo o Disque Denúncia, o anonimato é garantido.
Outras operações
Policiais do 9ºBPM (Rocha Miranda) também fazem uma operação na Comunidade da Serrinha, em Madureira, na Zona Norte. Na ação, dois fuzis AK-47, duas pistolas e drogas foram apreendidas, além  de 
dois criminosos presos e um ferido.
Já o 3ºBPM (Méier) faz uma operação nas comunidades Urubu, Engenho, Galinha, Bandeira 2 e Rato Molhado, Zona Norte. Logo no início da ação, agentes localizaram um esconderijo de drogas na Comunidade Bandeira 2, em Del Castilho.
Enquanto equipes da Coordenadoria de Polícia Pacificadora fazem, desde as primeiras horas, uma operação na Comunidade do São João e no Complexo do Lins, Zona Norte. Até o momento, não há informação sobre prisões, apreensões ou feridos.
As comunidades Sapinho e Paraopeba, em Duque de Caxias, na Baixada, também são alvos de operação. Até o momento, não há informação sobre prisões, apreensões ou feridos.