Família de jovem assassinado no Centro reclamam de omissão do hospital
Melquesedeque Cassimiro de Souza, de 22 anos, enterrado nesta quinta (8), morreu durante tentativa de assalto no dia 30 do mês passado, mas parentes não foram comunicados
Jovem, de 22 anos, atuou como paraquedista do Exército por dois anos e atualmente estava na reserva da função - Reprodução Facebook
Jovem, de 22 anos, atuou como paraquedista do Exército por dois anos e atualmente estava na reserva da funçãoReprodução Facebook
Rio - O paraquedista da reserva do Exército Melquesedeque Cassimiro de Souza, de 22 anos, morto a facadas durante uma tentativa de assalto no Centro, foi enterrado, nesta quinta-feira (8), no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O jovem teria sido atacado por um grupo de menores, no último dia 30, em frente à Central do Brasil, na Avenida Presidente Vargas, enquanto aguardava um ônibus.
De acordo com os parentes, apesar de Melk, como era conhecido por familiares, estar com todos os seus pertences, que acabaram não sendo levados pelos criminosos, ninguém da família foi acionado pelo hospital ou mesmo pelo IML.
"Nós ficamos sabendo disso às pressas e tivemos que organizar um velório com a ajuda de uma vaquinha", diz a ex-sogra de Melquesedeque, Monique Oliveira, de 42 anos, que tinha o jovem como um filho.
O caso chegou a ser compartilhado nas redes sociais, no mesmo dia em que ocorreu. A publicação foi feita por uma jovem que também aguardava um ônibus no momento do crime. No post, ela falou sobre o caso e pediu ajuda para identificar a vítima. A postagem teve mais de 3 mil reações, mas nenhum familiar soube do crime.
Segundo Monique, a família e ela só ficaram sabendo que Melk estava morto porque pessoas próximas que trabalham na PM os alertaram. "Eles tinham que ter procurado alguém da família. O Melk estava com a mochila, com carteira e celular", disse Monique.
"Ele morou comigo dos 15 aos 19 anos e tem mais ou menos uns cinco meses que ele estava aqui de novo. Tinha uma relação com ele de mãe e filho, estava fazendo a faculdade dele, curso dele de barbeiro. Agora os sonhos dele se foram. Um garoto bom e muito gentil com todos. Estamos devastados com essa situação", concluiu a ex-sogra do jovem.
Melquesedeque trabalhava como garçom no Tijuca Tênis Clube, Zona Norte do Rio. Ele também era paraquedista da reserva do Exército, onde atuou por cerca de dois anos. Durante o sepultamento, um grupo de colegas de farda do jovem carregou o caixão durante o cortejo. Cerca de 50 pessoas participaram da despedida.
Em nota, a PM informou que o 5º BPM (Praça da Harmonia) não foi acionada para nenhuma ocorrência com essa descrição na data e no local mencionado. A Polícia Civil investiga o caso.
Atacado por menores na Central do Brasil
Melk estava acompanhado de um amigo no momento em que menores os abordaram. Os dois teriam se negado a entregar o celular e corrido, mas um dos assaltantes atingiu o ex-paraquedista com uma facada.
O jovem chegou a ser socorrido pelo Samu para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, mas não resistiu aos ferimentos. Dois dias depois, o corpo de Melquesedeque foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde permaneceu por mais seis dias, até esta quarta-feira (7), quando a informação da morte chegou à família.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o jovem deu entrada na unidade à 1h09 do dia 30 de novembro, já em óbito. O corpo foi retirado pela viatura da Defesa Civil Estadual no mesmo dia e levado ao IML.
Sobre a demora na notificação da família, a SMS disse justificou que embora o paciente estivesse identificado ao dar entrada, "até a remoção para o IML não foi localizado nenhum telefone para contato com a família. Os pertences do paciente ficaram acautelados no setor de arrecadação do hospital, até a retirada pela família", concluiu.
O Instituto Médico Legal justificou que não houve nenhuma irregularidade no processo de comunicação do órgão. A documentação, que estava na mochila de Melquesedeque, não foi enviada pelo hospital ao instituto.
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