Operação da GAECO , nesta sexta-feira(09) na cidade do Rio de Janeiro.Marcos Porto

Rio - O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ) realizou, nesta sexta-feira (9), uma ação contra um esquema de pirâmide com criptomoedas. Os agentes tinham o objetivo de cumprir 12 mandados de prisão e cinco mandados de busca e apreensão. O balanço final da operação não foi informado.
Entre os alvos da operação estão a delegada Daniela dos Santos Rebelo Pinto, ex-titular da Delegacia de Defraudações e um policial civil. Segundo as investigações, a delegada é suspeita de receber propina de Glaidson quando ainda atuava na Delegacia de Defraudações.
A operação Novo Egito é um desdobramento da Kryptos, que prendeu Glaidson Acácio dos Santos, em agosto de 2021, por comandar um esquema ilegal de investimentos. Os agentes cumprem mandados de prisão e busca e apreensão contra alvos ligados ao Faraó dos Bitcoins. 
Procurada, a Polícia Civil informou que está solicitando acesso às investigações para instauração de Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Reforçou ainda que "não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e atividade ilícita, reiterando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade."
Faraó dos Bitcoins
Glaidson Acácio dos Santos foi preso em 25 de agosto de 2021, durante uma operação da Polícia Federal, com apoio do Gaeco e da Receita Federal, contra fraudes envolvendo o mercado de criptomoedas. Ele é dono da empresa GAS Consultoria, com sede em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e segundo as investigações, responsável por um esquema de pirâmide chamado 'ponzi', que prometia um "insustentável retorno financeiro sobre o valor investido". 
A empresa do Faraó dos Bitcoins recebia grandes aportes de dinheiro, com a promessa de gerar lucros de 10% ao mês sobre o valor investido. Entretanto, toda a quantia que entrava ficava com Glaidson e os sócios. Até 2014, ele era garçom em um restaurante em Búzios, também na Região dos Lagos, e entre 2018 e 2019, abriu empresas de consultoria e investimentos no mercado de moedas digitais. Somente a GAS Consultoria tinha capital social total de R$ 75 milhões. 
Na operação do ano passado, foram encontrados na casa do Faraó dos Bitcoins, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, aproximadamente R$ 14 milhões em espécie. Para transportar a quantia, foram necessárias malas, levadas em um carro forte para a sede da Polícia Federal. Os agentes também apreenderam 591 bitcoins, o equivalente a R$ 147 milhões, além de 21 carros de luxo, joias e barras de ouro. A ação ainda prendeu outras cinco pessoas. 
Em outubro de 2021, a Polícia Civil indiciou Glaidson pela tentativa de homicídio do empresário Nilson Alves da Silva, que também atua no ramo de investimentos em criptomoedas, em março do mesmo ano. A morte foi encomendada por ele, depois que Nilsinho, como a vítima é conhecida, espalhou a informação de que o Faraó dos Bitcoins seria preso pela Polícia Federal e sugeriu que os clientes retirassem os valores investidos na GAS Consultoria e transferissem para a sua empresa.
O inquérito da 125ª DP (São Pedro da Aldeia) concluiu que Glaidson encomendava as mortes de seus concorrentes no mercado de captação de clientes para investimentos em criptoativos, entre eles a do trader Wesley Pessano, de 19 anos, em julho. Os agentes descobriram a ligação dele com os crimes após a prisão de Ananias da Cruz Vieira, em novembro, no Espírito Santo, e pelo relatório produzido pela PF, a partir da análise dos celulares dele.
O Faraó enviava mensagens para Daniel Aleixo Guimarães, o Dani Boy, encomendando homicídios, tentativas de homicídio e intimidações contra os seus concorrentes, motivado por interesse econômico. Em uma das conversas, Glaidson se queixou do crescimento de Pessano no mercado das moedas digitais e chega a dizer que não podia deixar isso acontecer. O jovem era concorrente direto da GAS Consultoria e prometia aos seus clientes 36% de juros mensais com os investimentos. 
A vítima foi executada a tiros em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. Em dezembro de 2021, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e tornou o Faraó dos Bitcoins réu pela morte de Wesley Pessano. Já em maio deste ano, a Polícia Federal o indiciou por lavagem de dinheiro e ocultação de bens.