Rio - A confraternização de fim de ano da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), realizada no Iate Clube do Rio, em Botafogo, Zona Sul do Rio, na noite desta quarta-feira (14), terminou em confusão entre dois deputados estaduais. O parlamentar Yuri Moura (PSOL), eleito nas Eleições 2022, disse ter sido ameaçado de morte por Rodrigo Amorim (PTB) e que iria levar o caso à Polícia Civil. A discussão foi iniciada após divergências sofre a conduta da CPI de Petrópolis, que investigou o uso da verba destinada à tragédia de Petrópolis em fevereiro deste ano.
"Fui ameaçado! Rodrigo Amorim disse que daria dois tiros no meu peito. Farei boletim de ocorrência! O covarde me ameaçou em meu primeiro evento da Alerj enquanto deputado eleito. Não recuei com sua tentativa de agressão e não vamos recuar em nosso mandato. Chega de intimidação!", escreveu Yuri em suas redes sociais. O político foi o vereador mais votado em Petrópolis nas eleições de 2020.
O deputado bolsonarista, que ficou conhecido por quebrar a placa de Marielle Franco, negou que tenha cometido qualquer agressão, mas confirmou que se defendeu de um ataque. O parlamentar reeleito registrou um boletim de ocorrência na 10ª DP (Botafogo) por calúnia contra Yuri e contou outra versão do ocorrido.
Segundo Amorim, ele conversava com a deputada Dani Monteiro, do PSOL, e outros parlamentares, durante a confraternização, quando Yuri se aproximou de forma agressiva e criticou a CPI de Petrópolis. Amorim foi Presidente da Comissão durante as investigações.
"O cidadão se aproximou e, tocando no deputado de forma agressiva, o criticou por causa da CPI de Petrópolis e as cobranças de Amorim a Rubens Bomtempo, prefeito do município. Ao perceber que o cidadão estava exaltado demais, o afastou para que não houvesse conflito. Amorim considera a provocação uma tentativa infantil de autopromoção do vereador, que ao que parece já está difundindo versões mentirosas nas redes", disse a assessoria do deputado em nota.
Nas redes sociais, alguns deputados e vereadores prestaram solidariedade a Yuri. "Toda nossa solidariedade, Yuri. Não toleraremos a violência política contra parlamentares do nosso partido na Alerj! Rodrigo Amorim precisa ser responsabilizado!", escreveu a deputada federal Talíria Petrone (PSOL). "Não podemos admitir essas violências e ameaças dos fascistas. Não se cale e conte com o nosso apoio contra esse sujeito repugnante", publicou a deputada federal reeleita Benedita Silva (PT).
Procurado, o deputado eleito Yuri ainda não informou se formalizou a denuncia na Polícia Civil. A reportagem também procurou à Alerj para um posicionamento, mas até o momento não houve resposta.
Rodrigo Amorim já foi denunciado por violência política de gênero
Por unanimidade, os desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio aceitaram em agosto a denúncia contra Rodrigo Amorim pelo crime de violência política de gênero contra a vereadora Benny Briolly (PSOL). O deputado pode responder a penas previstas entre um e quatro anos de prisão e multa. Esse tipo de condenação por decisões dos TREs pode levar a inelegibilidade por oito anos.
Para a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio (PRE-RJ), o crime eleitoral teria como meta impedir e dificultar o desempenho do mandato da vereadora. De acordo com a denúncia, no dia 17 de maio deste ano, ele teria assediado, constrangido e humilhado a vereadora durante uma discussão em uma sessão ordinária na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), entre Renata Souza (PSOL) e Rodrigo Amorim. Na ocasião, Benny teria sido menosprezada e discriminada por sua condição de mulher trans.
A deputada reclamou de interrupções e ofensas de bolsonaristas, que vaiavam e gritavam palavras de ordem como: "lixo!". Os ânimos se exaltaram, a sessão foi interrompida e, na volta, Rodrigo Amorim pediu a palavra.
"Vai xingar outro! Hoje, na Câmara Municipal, um vereador que parece um porco humano estava lá chorando dizendo que eu era gordofóbico. Mas ela [Renata Souza] pode se referir aos outros como boi. Talvez não enxergue sua própria bancada, que tem lá em Niterói um boizebu, que é uma aberração da natureza, que é aquele ser que tá ali [Benny Briolly, do PSOL], e eles não enxergam.
Em sua defesa, na época, Amorim disse que respeita as decisões judiciais, mas que "a denúncia foi feita com um vídeo editado, tirado de um site ideologicamente contrário a ele, afetando assim a compreensão do fato por inteiro". Disse ainda que ao longo de toda a instrução processual ele terá a oportunidade de esclarecer a verdade dos fatos.
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