Chego à reta final de 2022 com conquistas da alma, difíceis de serem tocadas, exibidas ou ostentadas. Acredito que todos nós temos essas vitórias pessoais e só a gente entende de fato o seu real valorArte: Kiko

Parece que o coração já sabe que o ano vai chegando ao fim. Por mais que a gente não queira, vira e mexe o balanço dos últimos 12 meses surge nos nossos pensamentos. Esse corte do tempo em 365 dias tem um simbolismo especial. Nele, depositamos esperanças e a chance de uma vida nova. Ao mesmo tempo, é curiosa a forma como juntamos todos os minutos e segundos contidos nesse imenso período e ousamos dar a eles uma definição única: o ano foi bom ou ruim.
Olho pelo retrovisor da vida e vejo o que aconteceu nesses 12 meses. É impressionante como a tristeza nos dá baques tão fortes a ponto de acreditarmos que os momentos de dor se sobrepõem aos de alegria. É natural se sentir assim quando algo nos tira do prumo. Mas é bonito ver como a felicidade pode reaparecer em nossos caminhos. Assim como também é belo perceber novas pessoas, com as suas histórias de vida. Gosto de (re)conhecer quem já faz parte da minha trajetória, mas também relembrar que há outros mundos por aí. Sou fascinada pelo modo como os caminhos se cruzam e, por uma crença particular, não acredito em acasos.
Assim, não foi à toa que conheci o poeta de que tanto gosto, Fabrício Carpinejar, ganhando dele um abraço apertado poucos dias após a partida do Bryan, nosso pastor canadense. É inevitável a gente idealizar situações que queremos muito vivenciar, mas a realidade tem a capacidade de ser ainda mais especial do que os nossos sonhos. E assim foi.
Para uma canceriana, ser emotiva realmente não é tarefa das mais difíceis. Ainda mais nesta inevitável retrospectiva interna e bem particular que o fim de ano nos traz. Em 2022, eu vi amigos — muitos —, refiz laços, criei novos elos, chorei e... sorri! Cantei e dancei, espantei males e outros nem tanto. Mas segui. Afinal, olho para trás, mas não para morar no passado e sim para saber de onde vim. O presente é sempre o lugar mais certeiro que temos.
Chego à reta final de 2022 com conquistas da alma, difíceis de serem tocadas, exibidas ou ostentadas. Acredito que todos nós temos essas vitórias pessoais e só a gente entende de fato o seu real valor. Afinal, nenhum de nós faz o mesmo percurso em 12 meses. Muito menos numa vida inteira.
Em 2022, vi arte por toda a parte e, talvez por isso, eu esteja terminando o ano com mais aquarelas na parede de casa. Às vezes, temos a necessidade de mostrar fisicamente algo que já está interiorizado em nós. Somos capturados por esse eterno fascínio entre o que conseguimos realmente exibir ao mundo e o que só é possível ser sentido.
É curiosa também a forma como os desejos para 2023 vão tomando o seu lugar dentro de nós. Não queremos criar expectativas, mas são elas, de certa forma, que nos impulsionam na vida. Sempre peço saúde e paz, além de ser grata ao que passou. Hoje, aliás, nesta última crônica do ano, agradeço especialmente aos leitores, que embarcaram comigo e com o Kiko, responsável pelas artes da página, nas nossas viagens dominicais de emoções. Sou redundante em sentimentos, com ascendente em emoção. E este ano só reforçou isso, especialmente quando as minhas palavras tocaram o coração de alguém. Que o nosso percurso seja ainda mais afetuoso no ano que vem.