O prefeito Eduardo Paes e a Secretária Municipal de transportes, apresentam o novo modelo de sistema bilhetagem digital, nesta quarta-feira(21).Cléber Mendes/Agência O Dia

Rio - O prefeito Eduardo Paes assinou, no início da tarde desta quarta-feira (21), o contrato com a nova empresa responsável pela bilhetagem eletrônica dos ônibus e BRTs no Rio. Previsto para começar a funcionar em junho do ano que vem, o sistema, chamado de Jaé e gerido pelo Consórcio Bilhete Digital (CBD), permitirá o pagamento de passagens por PIX, cartões de crédito e aproximação, além de fornecer estatísticas para a prefeitura.
Os cartões RioCard atuais seguem valendo até que a transição seja feita por completo. O pagamento da passagem em dinheiro será mantido, mas a expectativa da prefeitura é que os novos meios reduzam a modalidade e, por consequência, o risco para o motorista. 

"A gente começa a ter no BRT, integralmente, daqui a seis meses e tem um período de um ano e meio para a totalidade da implantação. Vai ter uma fase de adaptação, para as pessoas converterem seu RioCard para o novo bilhete, o Jaé, mas o mais importante é que a partir de agora mudamos para um sistema muito mais eficiente. É uma mudança na raiz do problema que dos transportes", comentou o prefeito.


De acordo com Paes, o novo sistema vai abrir a "caixa preta" dos transportes no Rio. A previsão é que a tecnologia forneça dados em tempo real e estatísticas de uso para a Prefeitura do Rio. Com esses números, a prefeitura poderá cobrar melhorias, como na quantidade de ônibus em uma determinada linha, propor ajustes no valor do subsídio.
"Acabamos com a 'caixa preta' dos transportes. Agora, a prefeitura e o Poder Público passam a saber o que se arrecada pelo setor dos transportes, para onde os ônibus vão, com que frequência, que quantidade de pessoas e quantas pessoas pagando. Vai nos ajudar a regular melhor o sistema, fazer subsídios adequados e ter mais transparência", explicou.

A implantação do novo sistema de bilhetagem, chamado de Jaé, será feita pelo Consórcio Bilhete Digital, que venceu a licitação aberta pela prefeitura, em junho deste ano. O sistema deve começar a operar no BRT, até junho do ano que vem, depois ser expandido para os ônibus e demais modais, como vans. Ao todo, o processo deve levar 18 meses.

Segundo a prefeitura, os passageiros terão um sistema mais prático de recarga, com a possibilidade de fazer tudo pelo aplicativo, sem perda de nenhum crédito por falta de uso. O sistema também vai oferecer um acompanhamento das linhas de ônibus pelo usuário. A ideia do sistema é ser mais amigável. 

O aplicativo Jaé também terá atendimento digital, mas as unidades presenciais já começam a ser instaladas no início do ano. A expectativa é que o sistema atinja a totalidade das unidades em três anos. A primeira etapa tem sete pontos de atendimento e 154 terminais de autoatendimento. Na sequência, em 15 meses, o plano expande o número para 1 posto a cada 15 mil habitantes, além de 233 ATMs. A conclusão do plano, prevista para três anos, terá um ponto de atendimento para cada 2.5 mil habitantes.

"O cidadão vai ter um serviço de recargas de cartão muito mais fácil. A recarga vai cair em cinco minutos, o que antes levava até 48 horas. Serão mais postos de atendimento para o usuário resolver qualquer problema. Além disso, integrações com o VLT Rio. Então vai ser um serviço de muito mais qualidade", comentou a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio.

Questionada sobre detalhes da transição do sistema atual, a secretária comentou que ainda não tem os detalhes do processo, mas garantiu que o usuário terá o tempo necessário para a troca. "Esses detalhes ainda vão ser definidos", pontuou.

Possível resistência

Após a apresentação, Paes falou sobre o risco de uma possível resistência das empresas e consórcios de ônibus na transição para o novo sistema de bilhetagem.

"Nosso acordo com as empresas, para volta das linhas após a pandemia, não foi um acordo de amigos, foi um acordo judicial. teve a presença do Ministério Público. Com isso, as empresas entenderam, por bem ou por mal, que elas tinham que sair do sistema", pontuou.
Contrapartida 
Paes também falou sobre o reajuste do subsídio e uma das condições para que esse aumento aconteça: "Estamos com mais ônibus, mas tem muito ônibus ruim e velho. Estou vendo muito ônibus que tem ar condicionado rodando, mas muito com o ar desligado. (...) Só vou reajustar se ligar todo o ar. Se não ligar, vai receber menos", comentou

O prefeito também foi questionado sobre as obras do corredor de BRT TransBrasil. Segundo Paes, as obras já poderiam ter sido concluídas, mas o município tem sofrido com o furto de equipamentos instalados nas estações.

"A gente deve começar uma operação suave lá meio do ano. A obra está caminhando. As pessoas não entendem o porquê das estações não estarem concluídas, mas virou uma praga no Rio esse negócio das pessoas roubarem as coisas. Colocamos uma porta e as pessoas vão lá e roubam. A ideia é só montar essas estações quando tiver o uso pleno delas. Vai evitar esse problema", explicou.
Ônibus BRT depredado

O prefeito também criticou os usuários que depredam e vandalizam os transportes. Ele comentou sobre um ônibus BRT, recém incorporado à frota da Mobi Rio, que teve parte do banco arrancada por um usuário. "É inaceitável um ônibus com cinco dias de uso. Um equipamento comprado com dinheiro público, não tirei do meu bolso, não tem empresário por trás, dinheiro do imposto. (...) Nós, cariocas, temos que ter mais vergonha e atitudes mais gentil com o recurso público", reforçou Paes.


A concessão do sistema de bilhetagem tem prazo de 12 anos e foi fechada num valor de R$ 110 milhões com o Consórcio Bilhete Digital, que é formado pelas empresas RFC Rastreamento de Frotas e com a Auto Tijuca Participações. A outorga mínima prevista em contrato é de R$ 5,46 milhões. A proposta foi homologada no último dia 2 de novembro.