Rio – Um total de 101 felinos foram esterilizados em três meses após os projetos “Anjos de 4 patas” e “Maracanã Cats” terem se unido com o objetivo de castrar gatos abandonados no estádio do Maracanã, na Zona Norte do Rio.
De acordo com as entidades protetoras, o abandono no local é uma prática antiga, com cerca de 200 gatos habitando o estádio em todo o seu entorno. Com a castração, é possível diminuir o número de nascimentos indesejados.
O programa, chamado CED, sigla para “captura, esteriliza e devolve”, ainda manda os gatos mansos para uma feira de adoção. No caso dos considerados ferozes, eles são retornados para as colônias, onde recebem alimentação diária das protetoras e não serão mais capazes de procriar.
De acordo com o veterinário Samuel Lima Pereira Figueira, uma gata não castrada pode gerar um número estimado de 12 filhotes por ano, considerando duas crias em 12 meses com uma média de dois a seis filhotes por gestação. Ao logo de três anos por exemplo, esse número cresceria para 1.728 gatos nas ruas. Já no caso das cadelas, segundo o veterinário, é possível estimar um número de oito filhotes por ano, considerando que a fêmea entra no cio a cada seis meses.
“A castração tem um papel de grande importância no controle populacional de cães e gatos, e é através dela que conseguimos diminuir os números de animais abandonados nas ruas. Vale ressaltar que o procedimento reduz os riscos desses animais apresentarem doenças reprodutivas. No caso das fêmeas (cadelas e gatas) evitamos infecção do útero (piometra), gravidez psicológica, tumores de mama, estresse durante o cio. Já nos machos diminuímos as possibilidades de apresentarem tumores de testículos e próstata, doenças sexualmente transmissíveis, fugas, agressividade e marcação de território”, esclarece o veterinário Samuel Lima.
A protetora Natália Kingsbury, que está há 27 anos cuidando dos gatos do Maracanã, conta que esse trabalho requer muita dedicação, responsabilidade e amor.
“Dedico grande parte da minha vida a esses gatinhos, de segunda a segunda, faça sol ou chuva, porque assim como nós, eles também sentem fome, frio. Em três meses de muito trabalho, a união dos dois projetos foi fundamental para conseguirmos chegar a 101 gatos esterilizado. Com certeza é um grande sonho realizado e vamos continuar,” explicou Natália.
Projetos Anjos de 4 patas
O “Anjos de 4 patas” é formado por quatro amigas, que resgatam animais nas ruas, cuidam e levam para o abrigo, um trabalho totalmente sem fins lucrativos. Para a sobrevivência do projeto, elas contam com padrinhos, rifas e doações. Quando os gatos estão bem de saúde, lá seguem elas para as campanhas de adoção.
“Essa rotina já faz parte da nossa vida. Todos os sábados estamos em um pet shop, com nossos gatinhos, a procura de um lar definitivo, responsável, seguro e cheio de amor, para que eles não precisem voltar a sofrer maus-tratos nas ruas,” diz a protetora Patrícia Marins.
Em 2002 o número de animais adotados surpreendeu as amigas, com a realização das incansáveis campanhas, elas conseguiram 95 lares para gatos que haviam sido abandonados nas ruas.
“A notícia é muito boa, mas o fato de encontrar esses animais abandonados em vias públicas, caixas de papelão, e até mesmo em lixeiras, nos entristece demais. Não acreditamos que um ser humano tenha coragem de tal atitude, mas acreditamos também que nós quatro não nos conhecemos e viramos amigas à toa. Sonhamos muitas e muitas vezes em conseguir realizar essas campanhas, e hoje comemoramos esse número muito expressivo para nós.”, comemora outra protetora, Érika Flores.
Esse ano os trabalhos já foram finalizados, mas elas prometem que em janeiro irão voltar com tudo. “Amamos os animais, dedicamos muito de nossas vidas a eles, passamos noites sem dormir, e não vamos desistir”, afirma Lucia Mourão, que também faz parte do projeto.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.