Dominique tem cinco cães e não sai de casa no ano novo para poder protegê-los do barulho dos fogosArquivo Pessoal/ L.A.Foto Estúdio
A administradora Dominique Moura Dantas da Silva, de 27 anos, tem quatro cachorros e evita fazer qualquer coisa no ano novo para não deixá-los sozinhos. "A maioria dos cães têm medo de fogos. Acredito que seja porque eles têm uma audição mais aguçada que a nossa, tudo para eles é mais intenso. Por isso, tenho medo dos riscos que são vários, como infarto, convulsão, epilepsia, entre outros. Alguns podem até morrer".
Moradora do Catete, Zona Sul do Rio, Dominique também trabalha como cuidadora de animais. "Eu tive uma cachorra idosa que tinha pânico de fogos. Por isso, todo fim de ano passo em casa, na companhia dos meus cães e também cuido de outros. Ela ficava babando, muito nervosa, soltava pelo, tremia-se inteira, então meu medo era que ela infartasse. Eu sempre tomo todos os cuidados possíveis e tento alertar os tutores de não deixá-los sozinhos, trancarem as portas, colocarem identificação na coleira, essas coisas. Aqui a gente fecha todas as janelas, deixamos eles em um ambiente tranquilo e controlado para que tudo dê certo".
A médica veterinária da rede Petlove, Jade Petronilho, informou que muitos cães e gatos apresentam algum tipo de medo relacionado a barulhos excessivos, principalmente de fogos de artifício. "Há animais habituados a este tipo de situação, mas aqueles que não são podem até se acostumar. Tudo depende da forma como o tutor cuida. Por exemplo, pode dar petiscos ao animal para mostrar que aquilo não é ameaçador, minimizando assim o problema. Mas ainda assim é bem complicado ter donos que saibam driblar essa questão. Como a maioria se assusta, a gente indica alguns calmantes, sempre sob orientação de um profissional, para deixá-los mais tranquilos e não sofrer tanto. É importante ressaltar que não se pode deixar o bicho sozinho em hipótese alguma nessa situação. Eles podem se machucar, sair correndo, pular a janela, é muito comum esses acidentes neste período do ano".
Segundo Jade, outra dica também é fazer um passeio longo com o animal no dia da virada, para que ele fique cansado e durma mais. Ela também explicou que o grande problema não é o som, mas a frequência. "O estrondo para eles vai ser um pouco mais intenso do que para a gente porque não temos a capacidade auditiva. Quando o pet ouve o barulho dos fogos, não sabe o que está acontecendo, o que pode ser um susto grande. O latido deles também é um sinal de ansiedade e medo".
Amanda informou que começará uma campanha de conscientização nas redes sociais para que os tutores cuidem de forma apropriada de seus animais de estimação durante a virada.
"A tecnologia ao longo dos anos vem permitindo que os fogos sejam mais brilhantes, com uma maior facilidade e flexibilidade em imprimir desenhos e formas, e também na redução de ruídos. A própria tecnologia, independente de qualquer lei, já vem reduzindo os barulhos ao longo desses anos", disse Paulo César Ferreira, Vice-Presidente Executivo da SRCOM. "Independente da lei estar ou não em vigência, o que nós podemos garantir é que os fogos de Copacabana estarão abaixo do limite de 120 decibéis conforme determinados. Para nós sermos exatos com o volume, nós teríamos que entender uma série de outras questões, uma série de variáveis como velocidade do vento, pressão atmosférica, como vai ser medido, enfim, uma série de detalhes técnicos e de influências. Mas podemos assegurar, com toda certeza, que será abaixo dos 120".
“Os fogos de artifício perturbam não somente animais domésticos, bebês, crianças pequenas e alguns idosos como também causam inúmeros desconfortos na vida selvagem, podendo até provocar a morte de muitas espécies”, destacou Luiz Ramos Filho (PMN), autor da proposta.
O projeto altera o artigo 33 da Lei Orgânica Municipal, que já proibia a fabricação e comercialização de fogos de artifício no município. Os coautores são os vereadores Luiz Ramos Filho (PMN), Alexandre Isquierdo (União), Marcelo Arar (PTB) e os ex-vereadores Prof. Célio Lupparelli e Prof. Adalmir.
Autismo
A psicóloga clínica e infantil Vanessa Oliveira declarou que os autistas, por terem uma hipersensibilidade, também sofrem com o barulho do estrondo. "Eles não conseguem escutar o som de maneira pausada, ritmada. Para eles é um estrondo, além do volume ser maior, é como se eles escutassem tudo de uma vez só. Geralmente isso deixa eles irritadiços, podendo ficar fora do eixo. O comportamento mais comum das crianças autistas nessa situação é ter crise de choro, gritos, podem tapar os ouvidos e até mesmo ficar balançando o corpo".
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