Polícia Civil investiga ligação entre milícia e quadrilha que construía e vendia imóveis em terrenos clandestinos em Campo Grande, na Zona Oeste do RioDivulgação

Rio – A delegada Carolina Cavalcante, titular da Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco), confirma que a polícia vê ligação entre a quadrilha que vendia residências construídas irregularmente em terrenos clandestinos em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, com a milícia da área.
"A Draco continuará investigando a organização paramilitar comandada pelo Zinho, que atua na região, e investigará tentando comprovar de forma contundente essa relação das prisões de hoje com a milícia que atua em Campo Grande".
A delegada se refere à operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro realizada, nesta sexta-feira (13), contra uma organização criminosa que comercializa terrenos clandestinos no bairro. Dois homens foram presos e um está foragido.
Segundo Carolina, a quadrilha tinha o potencial de lucrar R$ 10 milhões, até o momento. Ela comentou que, pela perícia e pelo valor dos imóveis que já foram vendidos, os criminosos lucraram R$ 6 milhões cometendo crimes ambientais em áreas de conservação e Áreas de Preservação Permanente (APPs), como destruição de vegetação, desvio de poço hídrico, desvio e assoreamento de rios, "diversos crimes comprovados por provas periciais, e de parcelamento irregular de solo urbano", esclareceu a delegada. Os crimes foram praticados para que os cortes dos terrenos fossem possíveis, necessários às obras do loteamento, e a abertura de vias internas.
De acordo com o delegado Mauro Cesar, também titular da Draco, este crime praticado de parcelamento irregular de solo urbano, "costuma ser cometido por organizações criminosas chamadas de milícias que ocupam essa área onde estavam os estabelecimentos comerciais que estavam sendo vendidos. As investigações vão continuar para que consigamos confirmar a ligação desse grupo criminoso que foi denunciado e teve alguns integrantes presos hoje com a milícia que domina aquela área".
As apurações apontaram que um dos presos é dono de uma das empresas que promoviam a construção dos lotes irregulares e promovia a venda. O outro preso é corretor e tinha conhecimento do esquema da organização criminosa. Ele levava as vítimas pro escritório para dar uma impressão de formalidade aos processos e conseguir vender os terrenos.
A delegada Carolina disse ainda que não foi possível identificar ostentação no padrão de vida dos envolvidos nos crimes.
Na ação deflagrada nesta sexta-feira, os policiais cumpriram 12 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao grupo. Agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) também estiveram no local.

As investigações, conduzidas pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), demonstraram que a quadrilha construiu, sem qualquer autorização do poder público, quatro condomínios localizados em lotes clandestinos no bairro de Campo Grande: "Vivendas da Serra", "Chácaras do Mendanha", "Vivendas do Mendanha" e "Grand Park".