Traficante de Minas Gerais é preso na Cidade Alta. Marcos Porto/Agencia O Dia

Rio - Uma operação conjunta da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) do Rio de Janeiro e da Delegacia de Repressão à Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Minas Gerais prendeu, nesta quinta-feira (19), o traficante mais procurado da Polícia Civil mineira, dentro de uma casa na comunidade da Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte. João Felipe Alves da Silva, de 35 anos, é líder de uma das maiores organizações criminosas do estado e era o único alvo das especializadas. 
De acordo com o delegado Fabrício Oliveira, da Core, a ação contou com o apoio de aeronaves e veículos blindados. Equipes estiveram na comunidade por volta das 5h30 e encontraram diversas barricadas, com blocos de concreto e trilhos de trem. Os agentes entraram na favela por uma via com menos obstáculos, mas foram atacados por criminosos em vários pontos da região. Apesar dos tiros, os policiais conseguiram chegar em uma casa onde João Felipe estava escondido e não resistiu à ação das especializadas. 
Segundo o delegado da Draco mineira, João Francisco, as investigações contra o traficante começaram em 2021, após a operação Saxa-Montis, da Polícia Civil local, e ele era considerado foragido desde julho do mesmo ano. O criminoso é apontado como responsável pela distribuição de drogas em Belo Horizonte e Região Metropolitana de Minas, além de abastecer diversas comunidades cariocas com mais de uma tonelada de cocaína. O titular disse ainda que o material ilícito era entregue em favelas comandadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP), facção a qual João Felipe é ligado.
"Durante as investigações no ano de 2021, foram realizadas cerca de seis apreensões de carregamentos de drogas, totalizando um montante de uma tonelada e 200 quilos. A maioria dessa droga foi apreendida nas rodovias que ligam Minas Gerais ao Rio de Janeiro, ou seja, tinham destino ao Rio de Janeiro. Sempre em grande quantidade, sempre mais de 100 quilos. Só em uma das apreensões, foram apreendidos mais de 500 quilos de cocaína dentro de uma carreta", relatou o delegado. 
Parte da droga enviada à capital fluminense tinha como destino o Complexo da Maré e a Cidade Alta. O traficante já foi condenado a 134 anos de prisão pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, decorrentes das investigações realizadas há cerca de dois anos. Ainda de acordo com o delegado de Minas Gerais, desde sua condenação, ele passou a se esconder no Rio, de onde continuou comandando o tráfico em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, em especial no município de Vespesiano, de onde ele é. 
Segundo o delegado Fabrício Oliveira, a Polícia Civil vem realizando mais ações conjuntas com autoridades de outros estados, por conta da vinda de traficantes, especialmente do Sudeste, Norte e Nordeste, para o Rio de Janeiro. O titular apontou que a movimentação de criminosos pelo país sempre aconteceu, mas vem demonstrando aumento desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de junho de 2020, que restringiu as operações policiais nas comunidades fluminenses por conta da covid-19. 
"Criminosos de outros estados, principalmente do Sudeste, Norte e Nordeste, migraram para o Rio de Janeiro e hoje se escondem nas favelas aqui do Rio, de onde comandam seus negócios ilícitos em outros estados (...) Se a gente puxar o nosso histórico, a gente vai ver que tem feito cada vez mais ações conjuntas, por demandas de outros estados da federação, que tentam capturar as lideranças que estão escondidas nas favelas do Rio de Janeiro", explicou Fabrício Oliveira. 
Na ação de hoje, os agentes apreenderam com João Felipe diversos aparelhos celulares; documentos falsos; cadernos com anotações referentes ao tráfico de drogas; um veículo com suspeita de adulteração (clonado); rádio comunicador; além de uma pistola importada Glock G17 calibre 9mm, com numeração raspada e kit rajada. "O indivíduo preso hoje figura como um dos maiores procurados do estado de Minas Gerais, pela magnitute da sua atuação, por liderar uma organização criminosa com uma capacidade muito grande de movimentar mais de uma tonelada de cocaína", concluiu o titular da Draco. 
Operação Saxa-Montis
Em julho de 2021, a operação Saxa-Montis desarticulou a maior organização criminosa, com status de máfia, de Minas Gerais. O grupo tinha envolvimento com o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e distribuição de drogas nas cidades de Vespesiano e Belo Horizonte; nas regiões Sul, Norte, Nordeste e Leste do estado; além de para o Rio de Janeiro. As investigações duraram oito meses e condenaram 30 réus, cujas penas somadas totalizam 1.549 anos de prisão, sendo somente dos líderes da organização criminosa de 162 anos; 139 anos; 134 anos e 129 anos, por crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.