Paciente teve o braço amputado, mas não sabe o que levou a perda do membroArquivo pessoal

Rio - O Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, onde Gleice Kelly da Silva, de 24 anos, teve mão e o punho esquerdos amputados após ter complicações pós-parto, informou, nesta quinta-feira (19) que afastou a "liderança regional médica" da unidade.

"Instaurou-se no Comitê de Ética Médica uma auditoria minuciosa sobre o quadro clínico e procedimentos realizados nos atendimentos feitos à paciente Gleice Kelly Gomes Silva, seguindo os processos internacionalmente conhecidos como Protocolo de Londres, considerados os mais rigorosos para apurações dessa natureza", informou por meio de nota.

Questionada, a assessoria da unidade não informou se a liderança se tratava de uma única pessoa ou um grupo. No informe, o hospital ainda disse que "todas as informações obtidas nessa investigação já estão sendo colocadas à disposição das autoridades encarregadas de esclarecer os fatos ocorridos".

A nota também cita que a direção da unidade de saúde "tem todo o interesse em colaborar de forma oficial para que a elucidação das denúncias somente agora apresentadas. Espera ainda que, na hipótese de comprovadas eventuais responsabilidades, os envolvidos sejam punidos na forma da lei".

Por fim, ainda lamentam pelo ocorrido com a paciente Gleice Kelly. "O hospital lamenta profundamente o sofrimento por que estão passando a paciente e sua família – e lhes dará todo suporte e acolhimento necessários. As demais denúncias agora apresentadas também serão apuradas com critério e rigor".

Reunião sem respostas

Nesta quarta-feira (18), Gleice Kelly e sua advogada, Monalisa Gagno, foram até a unidade de saúde, a convite da direção, para uma reunião três meses após a amputação. Porém, de acordo com Gagno, não houve qualquer resposta durante o encontro.

"A gente só deu informações, essa reunião foi unicamente para levantar as informações que o hospital não tinha até então", explicou.

A defensora contou também que a reunião não foi com a diretoria do hospital, como combinado, mas sim com uma mediadora de São Paulo.

"Tivemos uma reunião com uma pessoa que não era da Intermédica. Ela é uma funcionária da Câmara de Mediação de São Paulo, que foi contratada pela Intermédica para querer entender o que estava acontecendo. Não houve nenhum posicionamento da empresa. É como se eu estivesse falando como uma pessoa estranha", disse Monalisa.

Relembre o caso

Em outubro do ano passado, Gleice Kelly deu entrada no Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá para dar à luz ao seu terceiro filho. Após o parto, ela teve uma hemorragia no útero. Com o objetivo de cessar o sangramento, foi colocado um acesso na mão esquerda da paciente que, dias depois, ficou roxa e inchada, levando a amputação do membro.

De acordo com Monalisa, até o momento, a vítima não recebeu nenhuma assistência ou explicação do hospital sobre o ocorrido. Meses depois da perda da mão, Gleice Kelly voltou a ter sangramento e precisou ser novamente internada na unidade de saúde. No local, foi descoberto que haviam esquecido uma parte da placenta dentro de seu útero e ela precisou passar por outro procedimento.

De acordo com Polícia Civil, o caso foi registrado como lesão corporal culposa na 41ª DP (Tanque). Testemunhas estão sendo ouvidas e os documentos médicos foram requisitados para ajudar a esclarecer o caso.