Escola Naval da Marinha, localizada no Centro do RioDivulgação / Marinha do Brasil

Rio - A Polícia Civil investiga possíveis abusos físicos e psicológicos sofridos por estudantes do curso preparatório da Escola Naval da Marinha, localizada no Centro do Rio. Nesta segunda-feira (23), um ex-aluno foi à 4ª DP (Praça da República) para registrar a denúncia. A instituição informou que os agentes solicitaram à escola o relatório médico da vítima e os envolvidos serão chamados para prestar depoimento.
Em entrevista ao "RJTV", da TV Globo, dois jovens relataram os abusos sofridos durante o curso. O primeiro, de 20 anos, contou que era obrigado a fazer exercícios físicos extenuantes além do que os demais realizavam. Com isso, já chegou a ficar horas na posição do canguru.
De acordo com o ex-aluno, um instrutor ainda disse que faria o necessário para que o rapaz desistisse do curso, mesmo que precisasse arriscar sua carreira. Além disso, o jovem era chamado de marginal, bandido e delinquente. 
Já o segundo afirmou que os abusos foram motivados pelo seu peso. Ele sentava em uma mesa específica para pessoas mais pesadas, apelidada de 'mesa fit'. O estudante também era obrigado a beber grande quantidade de água antes de todas as refeições e recebia menos comida do que os outros alunos.
Por conta das situações impostas por superiores, ele disse que precisará fazer um tratamento psicológico. O jovem também relatou que saiu do curso com pressão alta e outras alterações de saúde.
Em nota, a Escola Naval, por meio do Comando do 1º Distrito Naval, informou que a adaptação teve início no último dia 15 e durou três semanas. Nesse período, os candidatos passaram por um "amplo circuito de avaliação de diagnóstico médico" e dispõe de "equipe multidisciplinar para a adaptação composta por 25 militares". 
O Comando do 1º Distrito Naval também afirma que o processo garante isonomia entre os candidatos, o comprometimento com a saúde e a adequada qualificação dos futuros Oficiais. "A Marinha do Brasil não aceita ou tolera quaisquer práticas que atentem contra a dignidade e integridade de seu pessoal", concluiu.
Confira a nota na íntegra
A Escola Naval (EN), por meio do Comando do 1º Distrito Naval, informa que a adaptação teve início no dia 15 de janeiro e, no período de 3 semanas, os candidatos a Aspirantes passarão por uma preparação físico-militar, a fim de que ao término da mesma, estejam aptos a cursar o 1º ano.

Os futuros Aspirantes, ao chegar, passam por um amplo circuito de avaliação de diagnóstico médico, com o propósito de identificar possíveis problemas de saúde preexistentes, envolvendo exames de hemograma, creatinina, ureia, níveis de CPK (creatinofosfoquinase – enzima presente no corpo humano), teste de esforço, elasticidade, entre outros. Adicionalmente, a Escola Naval dispõe de equipe multidisciplinar para a adaptação composta por 25 militares entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistência psicológica e religiosa, sendo que todo e qualquer exercício físico é acompanhado por uma UTI móvel. Por fim, diariamente os parâmetros de temperatura ambiente e umidade são mensurados para determinar a gradação de exercícios físicos e a periodicidade de hidratação aos adaptandos.

Cabe ressaltar que o período de adaptação é realizado anualmente, e faz parte da formação de todo militar voluntário aprovado em concurso público, sendo regido por normas da Diretoria de Ensino da Marinha e da própria EN, de modo que a segurança de todos esteja resguardada.

Reafirmamos que todo o processo seletivo garante a isonomia, entre os candidatos, o comprometimento com a saúde e a adequada qualificação dos futuros Oficiais. A Marinha do Brasil não aceita ou tolera quaisquer práticas que atentem contra a dignidade e integridade de seu pessoal.