Poliçada está de prontidão nos acessos da Gardênia pra evitar guerraDivulgação

Rio - A Polícia Militar (PM) realiza, pelo terceiro dia seguido, operações nas comunidades da Gardênia Azul, Cidade de Deus e Morro do Banco, localizadas em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. A região é palco de uma verdadeira guerra entre traficantes e milicianos, que disputam o controle do território há pelo menos duas semanas.
Durante a madrugada desta sexta-feira (27), um suspeito trocou tiros com policiais lotados no Batalhão de Choque (BPChq) da PM na comunidade Gardênia Azul. No confronto, o homem foi baleado e levado até o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiu e morreu. Com ele, uma pistola Glock teria sido apreendida. Após o episódio, o policiamento segue reforçado no local.
Outro lugar com reforço no patrulhamento é na Cidade de Deus (CDD), mais uma comunidade que recebe a atenção das forças de segurança. O trabalho é conduzida por agentes do 18º BPM (Jacarepaguá) e homens do Batalhão de Ações com Cães (BAC), que cercam os principais pontos de acesso à comunidade. Retroescavadeiras foram utilizadas para retirar barricadas postas por criminosos, desbloqueando as vias.
Durante a manhã desta sexta-feira (27), policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que também trabalham na CDD, praticaram incursões dentro da mata para encontrar armas ou traficantes. Na parte da tarde, agentes do BAC, com auxílio dos cães farejadores Rondônia, Khabib e Sherloc, apreenderam 680 tiras de maconha, 600 pedras de crack e 240 pinos de cocaína na comunidade.
Na noite desta quinta-feira (26), policiais do Bope fizeram uma grande apreensão de drogas na CDD. Os entorpecentes estavam escondidos em tonéis submersos em uma região pantanosa que fica localizada dentro da comunidade. Ninguém foi preso.
O Morro do Banco, no Itanhangá, também é alvo de operação, realizada por agentes do Bope nesta sexta-feira (27). Ainda não há informações sobre presos ou apreensões. Um homem conhecido como "Michel" e apontado como chefe do tráfico no local foi detido durante a ação de quinta-feira (26).
A comunidade é um ponto-chave na disputa territorial entre milicianos e traficantes, devido ao morro estar localizado praticamente no meio do caminho entre a Rocinha, dominada pelo CV e o Rio das Pedras, controlado pela milícia.
Comunidades controladas pelo grupo paramilitar, como a Muzema, no Itanhangá, e Rio das Pedras, também na Zona Oeste, eram controladas há cerca de 30 anos pela milícia, que vê seu poder local sendo ameaçado pela facção criminosa Comando Vermelho (CV) nos últimos dias.
Com essa suposta invasão, comandada por Edgar Alves de Andrade, também conhecido como Doca ou Urso, um dos líderes do grupo e atuante na Penha, na Zona Norte, o CV teria tomado conta de áreas dentro da favela e expandido pontos de venda de drogas pela região.
Alguns integrantes da milícia estariam "pulando o muro", ou seja, deixando o grupo a qual pertenciam e se juntando ao tráfico, que passou a comandar o local. Moradores relatam a movimentação de integrantes da facção pela comunidade e a presença de bocas de fumo vendendo drogas com símbolos do grupo nas embalagens.
Suposta droga que estaria sendo vendida pelo Comando Vermelho na Gardênia Azul - Reprodução
Suposta droga que estaria sendo vendida pelo Comando Vermelho na Gardênia AzulReprodução
 
Praça Seca
O bairro da Praça Seca, também na Zona Oeste, tem sofrido com o clima de guerra e intensos tiroteios entre criminosos há pelo menos 15 dias.
A região é historicamente disputada por traficantes e milicianos, já tendo sido invadida e dominada diversas vezes pelos dois grupos, custando a vida de inocentes que vivem no local.
Na noite de terça-feira (24) e madrugada da última quarta-feira (25), moradores do Morro da Chacrinha, na Praça Seca, passaram momentos de terror com registros de trocas de tiros.
Circula na internet um áudio, atribuído supostamente ao traficante Bruno Silva Souza, o Tiriça, membro do CV, exigindo que os moradores da comunidade não paguem taxas de serviços cobrados pelos milicianos.