Rio - Parte significativa da história do Brasil corre risco de ser danificada a ponto de se perder. É o que acontece com milhares de peças raras - muitas, únicas - que estão armazenadas no prédio do Arquivo Nacional, na Região Central do Rio. A chuva que castigou o Rio de Janeiro na última terça-feira (7), por exemplo, inundou a área onde estão imagens feitas por Marc Ferrez, fotógrafo amigo do imperador D. Pedro II, que registrou imagens da família imperial e do Rio de Janeiro do século XIX.
Vídeo mostra o sétimo andar do prédio do Arquivo Nacional, no Centro, inundado pela chuva dessa terça-feira (7). Nesse mesmo andar, guardam-se peças raras, como imagens feitas por Marc Ferrez, fotógrafo amigo de D. Pedro II. Crédito: Divulgação pic.twitter.com/aJ4M42nVYE
Uma fonte que preferiu não se identificar denunciou ao DIA que, em um dos blocos do prédio, o bloco F, edifício dos anos 1970 que dá para as ruas General Caldwell e Azeredo Coutinho, originalmente concebido para abrigar áreas de trabalho, hoje serve principalmente como área de depósitos de documentos. Apesar de ter passado por uma reforma durante a pandemia para mitigar riscos de incêndio, sofreu um incêndio no térreo, no início de 2022.
Datado desta terça-feira, um vídeo mostra algumas salas do sétimo andar do edifício, que a exemplo de outras áreas - incluindo depósitos - também foram invadidas pela água. Segundo a fonte, há pelo menos 10 anos, o local sofre assim, quando há uma grande chuva. Neste mesmo sétimo andar, por exemplo, está armazenado o acervo do jornal Correio da Manhã, do qual o Arquivo Nacional guarda cerca de 2 milhões de fotografias.
O relato é que servidores têm sofrido com a falta de condições mínimas de trabalho. Desde terça, os quatro blocos do complexo tombado pelo Iphan, que já foram a antiga Casa da Moeda, estão sem água e refrigeração.
A ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweke, e a Diretora-Geral, Ana Flávia Magalhães Pinto, visitaram, no final de janeiro último, a sede do Arquivo Nacional e tiveram acesso a alguns depósitos durante a visita, tendo sido informadas da necessidade de obras e do risco ao acervo. Contudo, como já dito, esses problemas vêm de longa data.
A reportagem tentou entrar em contato com o Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, como também com Leandro Esteves de Freitas, Superintendente interino de Planejamento e Gestão, mas não obteve contato até o fechamento dessa reportagem.
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