Nilcemar Nogueira, fundadora do museu, em área atingida pela chuvaDivulgação

Rio – O Museu do Samba, localizado aos pés do Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, sofreu danos devido às fortes chuvas que atingiram a cidade nesta terça-feira (7), com parte de seu teto tendo desabado. A queda aconteceu na área de reserva técnica da instituição, onde são guardados itens do acervo que não estão sendo exibidos ao público – sendo de exposições já realizadas ou de mostras futuras.
Segundo Nilcemar Nogueira, fundadora do museu, uma empresa licitada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi encarregada de realizar obras no telhado, mas abandonou o serviço antes da sua conclusão, o que teria influenciado no desabamento.
Nilcemar e cinco funcionárias ficaram até as 23h de terça-feira embalando fantasias em plásticos e impedindo a água, que chegava à altura do tornozelo, de escoar para o primeiro piso, onde ficam as três exposições permanentes – “A História do Samba”, “Simplesmente Cartola” e “Dona Zica da Mangueira, do Rio e do Brasil”. Tudo isso foi feito às escuras, pois a chuva afetou as instalações elétricas do prédio, que se encontram sob risco de curto-circuito.
O Museu do Samba conta atualmente com cerca de 45 mil objetos e documentos, muitos deles doados pelos próprios sambistas ou suas famílias. Na coleção, há peças que pertenceram a personalidades como Cartola, Zé Keti, Nelson Sargento, Candeia, entre outros, e um acervo audiovisual com 170 depoimentos de figuras históricas do gênero musical.
“O museu é o único lugar nesse país em que há a preservação da memória da principal referência identitária do Brasil, o samba, que é reconhecido como patrimônio nacional. Nossa dor nesse momento precisa ser a dor dos governantes. Espero que a gente possa contar com o apoio público e da população”, disse Nilcemar.
O acervo bibliográfico e fotográfico do museu foi em grande parte atingido pela água, e não se sabe no momento quais as chances de recuperação. As fantasias embaladas em plástico protetor serão avaliadas após a retirada do mesmo, o que deve ser realizado em breve. A Secretaria Municipal de Cultura do Rio informou que um funcionário foi enviado ao local e que vai colaborar na avaliação e guarda do acervo.
Em nota, o Iphan lamenta os danos causados pela chuva e afirma que: “Tão logo soube do impacto, equipes técnica e administrativa do Iphan foram ao local, na manhã desta quarta-feira (8). A vistoria constatou a queda de parte do forro do imóvel e verificou, também, que não houve desabamento do telhado (...) já foram realizados cerca de 90% da obra pela licitada La Greca. O Iphan vai cobrar da empresa o reparo dos danos causados pela chuva e notificará a contratada, devido a atrasos e problemas na intervenção, além de reiterada falta de acompanhamento no canteiro de obras".
O Iphan adiciona que o prédio no qual o museu funciona não é tombado pelo instituto, mas, por se tratar de um núcleo de referência para pesquisas e registro de memórias das matrizes tradicionais do samba do Rio de Janeiro, ele investe em serviços de reforma da cobertura e de recuperação do sistema de drenagem das águas da chuva.