Polícia investiga homicídios no Jardim Novo, em Realengo, na Zona Oeste do RioReprodução/Redes sociais

Rio - Dois dos três mortos no Jardim Novo, em Realengo, Zona Oeste do Rio, na madrugada de domingo (12) tinham passagens pela polícia por roubo e podem ter sido alvos de milicianos. Samuel Gomes Alexandrino e Jorge Felipe Souza de Jesus, mais conhecido como Nego, foram mortos a tiros na madrugada de domingo (12). Eles chegaram a ser socorridos, mas não resistiram e morreram na UPA do Jardim Novo.
Segundo moradores, milicianos seriam os autores do ataque contra Samuel, Jorge Felipe e um terceiro homem, ainda não identificado pela Polícia Civil. O trio pertence a uma região dominada pela facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA). Samuel tinha contra ele um mandado de prisão em aberto por roubo.
O policiamento na região foi reforçado pelo 14º BPM (Bangu) e o crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Diligências estão em andamento para esclarecer as circunstâncias do ataque.
Ainda na madrugada de domingo (12), uma outra pessoa deu entrada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, no entanto, a Polícia Civil ainda não sabe se este ferido estava envolvido na ocorrência que matou os três homens. 
Milicianos em guerra com Comando Vermelho
Milicianos também estão envolvidos em uma 'guerra' contra a facção Comando Vermelho (CV) na Zona Oeste. Esse conflito acontece há meses, mas em janeiro ganhou maiores proporções. Ao todo, o primeiro mês de 2023 teve 12 tiroteios entre os grupos armados. Apenas a Zona Oeste concentrou nove dos tiroteios, com cinco mortos e dois feridos, segundo o relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado.
A Gardênia Azul, em Jacarepaguá, tem sido um dos principais locais dos conflitos. A região acumulou nove tiroteios em janeiro, sendo dois deles provocados pela briga por território entre tráfico e milícia, outros três foram em ações e operações policiais e os outros quatro não tiveram a motivação identificada. Moradores da Gardênia Azul relatam que traficantes impuseram o toque de recolher e famílias estão preocupadas com a volta às aulas na rede pública de ensino.

A Cidade de Deus, ao lado da Gardênia Azul, também foi afetada pela invasão. Dominada há anos pelo Comando Vermelho, a comunidade concentrou sete tiroteios em janeiro, um deles em disputas entre grupos armados. A Muzema, escolhida há um ano para receber o programa de segurança pública Cidade Integrada, do governo do estado, acumulou em janeiro deste ano quatro tiroteios, sendo dois deles em disputas. Em Curicica, foram quatro tiroteios, um deles em confronto entre grupos armados.
No feriado municipal de 20 de janeiro, dia de São Sebastião, uma adolescente de 17 anos foi atingida por tiros na barriga e na perna durante um tiroteio na Gardênia Azul. Três dias depois, Luiz Henrique da Silva Gonçalves, de 19 anos, foi morto a tiros na Muzema. Luiz Henrique era entregador de uma farmácia da região e estava trabalhando no momento em que foi assassinado.
As disputas entre tráfico e milícia fizeram vítimas em todos os lugares. Ao todo, 14 pessoas foram baleadas nos 12 confrontos ocorridos em janeiro na Região Metropolitana do Rio. Entre as vítimas, uma foi morta e outra ficou ferida após serem atingidas por balas perdidas. Outras três pessoas foram vítimas de chacinas.