Diogo Oliveira acredita que 2023 será um ano que reserva boas expectativas para o empreendedorismoDivulgação

Rio - Sttefani Caroline já teve muita dificuldade para estudar. A jovem de 19 anos tem deficiência auditiva e não encontrava um lugar onde pudesse aprender utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Isso só foi possível quando conheceu o projeto Sinaliza Enem, um preparatório para o vestibular focado em pessoas surdas. Mas para que essa ideia saísse do papel e mudasse a vida de Steffani e de centenas de brasileiros, Bruna Enne contou com o apoio do Shell Iniciativa Jovem, programa do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds) que investe em programas voltados para o empreendedorismo jovem. 
O Cieds trabalha em parceria com empresas privadas e o poder público, e promove soluções sociais que geram mais renda, saúde, educação e confiança no futuro. Através de uma rede de parceiros estratégicos comprometidos, eles atuam nas áreas de Educação, Empreendedorismo, Engajamento Comunitário, Inclusão Social e Bem-Estar.
"Participar do Iniciativa Jovem foi, para mim e para minha empresa, uma experiência única. Junto com a nossa mentora, conseguimos botar no papel e entender nossa empresa de forma muito mais clara", afirma Bruna, dona do primeiro e único curso pré-vestibular EAD totalmente em Libras do Brasil, que já atendeu mais de 500 estudantes de 18 estados brasileiros.
Um deles é a Sttefani, que está em dúvida se estuda ciências contábeis ou gestão financeira. Moradora de Vargem Grande Paulista, em São Paulo, a jovem se formou e passou para quatro faculdades, além de uma oficina de matemática e libras na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "O Sinaliza Enem mudou a minha vida. Foi um caminho diferente, onde eu conheci muitas pessoas. Fui aprovada e fiquei em Campinas duas semanas. Foi uma experiência maravilhosa. Eu aprendi muito com eles. Passei também no vestibular da Mackenzie. Quero muito estudar lá", disse.
Segundo estudo do Monitor Global do Empreendedorismo (GEM), 8 milhões dos 23,9 milhões de jovens brasileiros, com faixa etária entre 18 e 24 anos, já possuem seu próprio negócio. E este número só cresce. Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o número de pessoas que desejam empreender teve um crescimento de 75%. Somente no Cieds, mais de 16 mil jovens foram atendidos desde o início de 2021. Desses, 72% são pretos ou pardos e 1.458 beneficiários diretos são jovens com deficiência.
"Vivemos em um país diverso e as juventudes brasileiras têm liderado diálogos importantes sobre desenvolvimento sustentável e novas formas de geração de oportunidades de trabalho e renda, que garantam maior equidade de gênero e raça, compromisso com os direitos humanos e melhores condições de trabalho. É essa juventude que promoverá as mudanças para um futuro mais próspero, mais equânime e repleto de oportunidades", afirma Diogo Oliveira, coordenador de projetos do Cieds
Quem também passou pelo programa foi Kai Lopes, um pessoa trans não-binária cheia de desafios. Morador de São Gonçalo, ele criou a empresa Arte Imaginativa e busca levar representatividade e inclusão ao nicho de amigurumis, técnica japonesa para criar pequenos bonecos feitos de crochê ou tricô. A partir da criação e produção de bonecos, ele fortalece a identidade de pessoas que ainda hoje não se veem representadas nos brinquedos tradicionais. O jovem também produz conteúdos do seu trabalho na internet acessíveis para a comunidade surda.
"O Cieds deu visibilidade ao meu trabalho. Graças a ele eu consegui me estruturar melhor como negócio, o que vai fazer muita diferença tanto para continuar crescendo, quanto aumentando o impacto gerado. Eu fiz parcerias que estão me trazendo novas possibilidades de monetização, e estou muito mais pronto para o mercado, conseguindo inclusive ser aceito em outros projetos", contou o estudante de pedagogia.
Kai acredita que o seu trabalho de inclusão é muito positivo não só para as pessoas que precisam se ver nos espaços, que precisam dessa representatividade, mas é importante também para crianças que não têm alguma condição nesse sentido. O objetivo do empresário é que as pessoas consigam perceber que existe uma diversidade de corpos, mesmo que elas não tenham contato com outras crianças assim.
"Meu filho, por exemplo, ele tem contato com outras pessoas surdas, mas é interessante que ele tenha bonecos que não tenham perna. Por que quando ele tem contato com uma criança que não tem uma perna, o estranhamento é muito menor do que o estranhamento de uma criança que só brinca com brinquedos padrões. Ele ter contato com brinquedos que sejam diversos possibilita que ele entenda que o mundo é diverso", explica.
Morador de Itaboraí, Filipe Gomes é aluno e cliente de kai e conta que assim que o amigo começou a receber encomendas, não hesitou e já fez a sua. "Mais que a aquisição de um boneco, tive a oportunidade de satisfazer as minhas necessidades de representatividade e conexão com minha ancestralidade por meio de um item artesanal e ecológico. Além disso, eu admiro muito o Kai e reconheço todos os seus esforços para a promoção da diversidade em seus mais variados aspectos, assim como as reflexões que o mesmo traz contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e, sobretudo, consciente, disse o administrador de empresas.
Para a organização, 2023 será um ano que reserva boas expectativas para a área de empreendedorismo, especificamente para a juventude. "Temos projetos realizados em parceria com financiadores como o Juventude Empreendedora, projeto de formação em negócios para jovens periféricos, atualmente implementado em São João da Barra com a Porto do Açu, visando ainda a ampliação dessa atuação para outras regiões do Brasil. Iniciaremos também a incubação e aceleração de negócios da Rocinha, através da Incubadora da Rocinha junto com a Faperj", completa Diogo Oliveira.
Os interessados em participar do Shell Iniciativa Jovem devem acessar as redes sociais do Cieds ou o site https://iniciativajovem2023.cieds.org.br/. As inscrições e o programa são gratuitos.