Policial penal dá tapa na cabeça de entregador após ele se recusar a subir para fazer entregaReprodução
Entregador agredido por policial penal presta queixa em delegacia de Campo Grande
Autor do tapa que atingiu a cabeça do de Yuri Moraes de Araújo, de 21 anos, é agente penitenciário e também deve ser ouvido pela Polícia Civil
Rio - O entregador Yuri Moraes de Araújo, de 21 anos, vítima de agressão enquanto fazia entrega, em Campo Grande, prestou queixa, nesta quarta-feira (22), contra o agente penitenciário Alex Ramos Cabral. No registro feito na 35ª DP (Campo Grande), o jovem contou que, antes de levar um tapa de Alex, o policial penal já havia mostrado a ele que estava armado.
A agressão, que aconteceu na última terça-feira (21), foi filmada por Yuri. O rapaz realizava uma entrega de lanche pelo aplicativo iFood no endereço do agente penitenciário mas, ao perceber que o cliente estava exaltado, decidiu não subir até o apartamento. Alex teria ficado irritado por ter de descer para buscar a encomenda.
Em entrevista ao RJ1, da TV Globo, na tarde desta quarta, o entregador falou sobre a atitude do agente ao abordá-lo. Segundo ele, a atitude do agente não pode mais se repetir com ninguém: "Nem comigo, nem com ninguém. Ninguém precisa passar por isso. Desrespeitoso. (...) Sou trabalhador, trabalho de dia, de noite, não precisava passar por isso", comentou.
Yuri também contou que antes de chegar ao condomínio Califórnia, na Estrada do Magarça, em Campo Grande, já teria visto Alex da janela gritando para que ele subisse. Foi nesse momento que ele escolheu não subir. Depois, o filho do agente desceu, mas não levou a encomenda pq era necessário o código da entrega.
Toda a situação provocou a fúria do agente penitenciário, que foi registrada nas imagens feitas por Yuri, onde inclusive ele aparece sendo agredido. O entregador contou que o cliente tinha uma arma na mão quando desceu do apartamento.
"Tu tá pensando que tá falando com quem, #@%@&*$? Tu tá pensando que tá falando com quem, #@%@&*$? Tu tá aqui embaixo um tempão, rapa! Tu num recebe essa #@%@&*$ pra tu subir lá?", diz o agressor nas imagens.
O jovem então retruca dizendo que não há obrigação por parte do iFood de que o entregador suba até o apartamento dos clientes. Nesse momento, o homem acerta um tapa na cabeça do rapaz, que continua se defendendo das acusações e volta a pedir o código para entrega da encomenda.
"Código é o #@%@&*$! Me dá essa #@%@&*$ aí e sobe logo! Anda logo, maluco, antes que eu me estresse mais contigo", diz o morador, completamente exaltado.
Após as agressões ao entregador, um grupo de trabalhadores do delivery foi até o imóvel tirar satisfações com o cliente, que se escondeu em casa durante a manifestação.
O 40º BPM (Campo Grande) foi acionado para o local, mas não prendeu o agressor. A equipe dispensou os manifestantes do local.
Em nota, o iFood confirmou que o cliente teve a conta banida pelo aplicativo. A empresa também disse que considera "inaceitável" o uso de violência, além de que "preza pelo respeito nas relações entre entregadores, clientes e restaurantes". O iFood também garante que entrou em contato com o entregador para ampará-lo e prestar o auxílio necessário neste momento.
O aplicativo ainda reforçou a questão da entrega na porta do apartamento não ser obrigatória: "Descer para buscar o pedido é uma das formas que podemos adotar no dia a dia para demonstrar respeito aos entregadores. Não existe obrigatoriedade e o iFood não faz nenhuma exigência aos profissionais que trabalham na plataforma para realizar a entrega diretamente no apartamento do cliente, por entender que há variáveis como regras do condomínio, questões de segurança ou por não existir condições de estacionar a moto na via pública, por exemplo", diz a nota.
Procurada, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária disse, em nota, que "repudia qualquer desvio de conduta de seus servidores e informa que já determinou abertura de procedimento disciplinar através da corregedoria para apurar o ocorrido".
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