Vídeo mostra traficantes em frente à pixação em homenagem a líder de facção rivalReprodução
Após a tomada, integrantes do TCP gravaram um vídeo e divulgaram nas redes sociais. Nas imagens, homens aparecem fortemente armados e mostra um muro com pixações ao traficante Urso, também conhecido como Doca, apontando como um dos principais líderes da facção rival.
No vídeo, os suspeitos dizem "Terceirou, 'tá' três. Bala no Doca, bala do Urso. Estamos no miolo, miolo é a gente. Muita bala". Veja:
URGENTE: O TCP tá exterminando o Comando Vermelho de Cascadura, Campinho e agora Praça Seca!
— DIRETO DO MIOLO (@diretodomiolo) March 8, 2023
Acabaram de tomar os morros do Divino e da Menezes! https://t.co/7d1KrovNrM pic.twitter.com/IXbyHwh9hr
Segundo a plataforma Onde Tem Tiroteio, na noite de ontem, por volta das 23h20, foram registrados disparos na região. Além disso, pouco depois, às 23h27, houve disparos na Chacrinha, na Praça Seca.
Na Zona Oeste, Gardênia Azul, em Jacarepaguá, é um dos principais pontos de conflitos. A região acumulou nove tiroteios em janeiro, sendo dois deles provocados pela briga por território entre tráfico e milícia, outros três foram em ações e operações policiais e os outros quatro não tiveram a motivação identificada. Moradores da Gardênia Azul relatam que traficantes impuseram o toque de recolher e famílias estão preocupadas com a volta às aulas na rede pública de ensino.
A Cidade de Deus, ao lado da Gardênia Azul, também foi afetada pela invasão. Dominada há anos pelo Comando Vermelho, a comunidade concentrou sete tiroteios em janeiro, um deles em disputas entre grupos armados. A Muzema, escolhida há um ano para receber o programa de segurança pública Cidade Integrada, do governo do estado, acumulou em janeiro deste ano quatro tiroteios, sendo dois deles em disputas. Em Curicica, foram quatro tiroteios, um deles em confronto entre grupos armados.
"Sem dúvida a pandemia certamente teve uma interferência direta ocasionando essa aparente calmaria em relação ao confronto entre as facções, paralelo a isso tivemos algumas ações por parte do governo do estado que de alguma forma enfraqueceu a atuação das milícias na zona oeste, tornando o território propício para a expansão das facções criminosas, tendo em vista que por falta de uma política de segurança pública não foram implementadas medidas para conter essa situação que já era prevista", explicou.
Bandeira ainda destacou ser possível dar um fim a guerra por disputa de terriórios, mas é preciso que haja um planejamento público a longo prazo.
"É necessário a elaboração de um planejamento e uma política de segurança pública que contemple o investimento em inteligência e investigação, única forma eficiente de se realizar operações policiais e de se reduzir a criminalidade e a violência, além logicamente do investimento em políticas públicas como a geração de emprego e renda para que o estado possa retomar essas áreas que foram sitiadas pelas facções criminosas. Agora para um efeito imediato é necessário a ocupação policial e tomada do território por parte das forças policiais visando a garantia da paz e a proteção dos moradores, até que o estado tome medidas eficazes para a erradicação do problema", disse.
Ainda segundo o professor, a atuação das polícias hoje no enfrentamento à violência e ao tráfico de drogas vem sendo feita de uma maneira onde não há resultados além do aumento da violência armada em todo o estado.
"O estado, por falta de uma política de segurança pública, utiliza a polícia como única ferramenta de combate à violência, jogando os policiais para o enfrentamento nas comunidades sem qualquer estratégia para a redução dos índices de violência e criminalidade o que faz com que os confrontos aumentem e a polícia atue somente para 'enxugar gelo' quando a situação sai de controle".
Mapa da violência armada
Em janeiro, a capital concentrou 66% dos tiroteios mapeados na Região Metropolitana do Rio em janeiro, Entre os municípios que fazem parte da área, os cinco mais afetados pela violência armada foram:
Rio de Janeiro: 194 tiroteios, 39 mortos e 43 feridos
Duque de Caxias: 23 tiroteios, 7 mortos e 4 feridos
Niterói: 14 tiroteios, 7 mortos e 10 feridos
São Gonçalo: 13 tiroteios, 6 mortos e 8 feridos
Nova Iguaçu: 10 tiroteios, 3 mortos e 3 feridos
Entre os bairros do Grande Rio, os cinco mais afetados foram:
Vicente de Carvalho: 11 tiroteios e 4 mortos
Praça Seca: 11 tiroteios e 1 ferido
Vila Kennedy: 10 tiroteios, 2 mortos e 2 feridos
Gardênia Azul: 9 tiroteios, 2 mortos e 3 feridos
Anchieta: 8 tiroteios e 1 morto
Em janeiro, 16 tiroteios ocorreram em áreas de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ao todo, sete pessoas foram baleadas: duas morreram e cinco ficaram feridas. As unidades afetadas pelos tiroteios foram:
Complexo de Manguinhos: 5 tiroteios e 2 feridos
Andaraí: 2 tiroteios
Jacarezinho: 2 tiroteios
Borel: 1 tiroteio, 1 morto e 3 feridos
Rocinha: 1 tiroteio e 1 morto
Complexo da Penha, Macacos, Mangueira, São João e Vidigal concentraram um tiroteio cada.
A distribuição da violência armada entre as seis regiões que compõem o Grande Rio ficou da seguinte forma:
Zona Norte (capital): 104 tiroteios, 20 mortos e 20 feridos
Zona Oeste (capital): 75 tiroteios, 15 mortos e 19 feridos
Baixada Fluminense: 66 tiroteios, 24 mortos e 18 feridos
Leste Metropolitano: 34 tiroteios, 18 mortos e 22 feridos
Centro (capital): 8 tiroteios, 3 mortos e 2 feridos
Zona Sul (capital): 7 tiroteios, 1 morto e 2 feridos
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