(Arquivo) Na maior parte dos eventos de violência contra a mulher na capital fluminense, os autores foram companheiros ou ex-companheiros das vítimasFernando Frazão/Agência Brasil

Rio - A cidade do Rio registrou 173 casos de violência contra mulher em 2022. Destes, 27 foram feminicídios. No período, foram 84 casos de tentativa de feminicídio e agressão física e 24 episódios de violência sexual e estupro. Os dados são da Rede de Observatórios da Segurança.

Na maior parte dos eventos de violência contra a mulher na capital fluminense, os autores foram companheiros ou ex-companheiros das vítimas. No caso dos crimes de feminicídios, eles foram os autores em 85% dos casos na cidade do Rio.

Segundo dados de feminicídio do ISP, no ano de 2022, 110 mulheres foram vítimas de feminicídio em todo o Estado do Rio. Trata-se de um recorde na série histórica iniciada em 2016.
Dossiê Mulher 2022
O Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) também divulgou nesta quarta-feira os dados do Dossiê Mulher 2022. Os dados referem-se ao ano de 2021. Naquele ano foram 82 vítimas de tentativa de feminicídio na capital e 25 casos de feminicídio na cidade do Rio.

Em todo o estado do Rio, foram 85 mulheres mortas, 54 mães, e destas, 37 possuíam filhos menores de 18 anos. O feminicídio ocorre quando a mulher é morta em razão da sua condição de mulher. Agravando ainda mais a situação, 21 filhos presenciaram os crimes. O interior do estado foi a região com maior percentual de vítimas (47%), seguida pela capital com 29%.
Mais de 80% dos autores foram os companheiros e ex-companheiros, e mais da metade deles possuíam antecedente criminal - 23 relacionados à violência doméstica, 22 por ameaça, 11 por lesão corporal e seis por homicídio.
Neste ano de 2023 já foram registrados 9 casos e 29 tentativas de feminicídio no estado.
Secretaria identifica feminicídio prevalente na Zona Oeste

Desde 2021, a Secretaria Municipal de Políticas de Promoção da Mulher realiza o Mapa da Mulher Carioca, publicado anualmente no mês de agosto. A secretária Joyce Trindade afirma que os dados ajudam a mostrar o perfil socioeconômico das vítimas de violência.

"A gente consegue traçar em cada território, um perfil de violência. Sabemos, por exemplo, que no extremo da Zona Oeste, na região de Sepetiba a Padre Miguel e Bangu, a violência do feminicídio é muito mais presente. A Zona Oeste é o território onde as mulheres mais morrem. Na Barra e em Jacarepaguá, a violência física é a denúncia mais frequente", exemplifica.

"Vamos mapeando e executando a política pública", explica. A secretária completa que espera que a ação se torne lei para que não fique restrita à atual gestão.

Foi o caso do cartão Mulher Carioca, cuja lei, de iniciativa do Executivo, foi sancionada em janeiro deste ano. A ajuda emergencial dura um ano e garante recursos às mulheres em situação de violência baseada no gênero e em situação de vulnerabilidade econômica e social, bem como aos órfãos vítimas de feminicídio. Até agora, já foram distribuídos mais de 500 cartões, cujo saldo é de R$ 500.

A secretária Joyce Trindade também afirma que a pasta investe na escuta ativa das vítimas. Em 2021 havia apenas quatro aparelhos municipais de atendimento a mulheres. Hoje são 21 lugares fixos. "Temos equipes treinadas com psicólogas e advogadas e formulários de questionamentos para termos a percepção das demandas e desafios", acrescenta.

O programa de auxílio passagem "Move Mulher" também foi transformado em lei e já distribuiu, segundo a Secretaria Municipal de Políticas de Promoção da Mulher, mais de três mil cartões para vítimas de violência. "As mulheres precisam chegar. Então conseguimos implementar o 'Move Mulher' para que consigam acessar as políticas e toda rede de apoio", afirma a secretária Joyce Trindade.

Titular da secretaria, Joyce afirma que a cidade do Rio tem lutado para cumprir a meta de transformar a capital em referência em equidade de gênero. "A gente tem priorizado as políticas de Promoção da Mulher nas metas estruturantes da prefeitura, pra gente, isso é fundamental para garantir orçamento. A política é muito diversa", afirma.