Banda Sinfônica de Santa Cruz do projeto Geração de Sons. Concerto de Natal, em 21 de dezembro de 2022, no Teatro Nelson Rodrigues, no RioRafael Ribeiro/Instituto Brasileiro de Música e Educação
"Além de estudar música gratuitamente, a gente oferece a oportunidade de o aluno ter o instrumento na mão. Basta ele dizer 'eu quero'. Aí a gente acolhe esse desejo e começamos as aulas com uma metodologia sistemática que busca reter o aluno com a gente até a universidade. O nosso objetivo é acompanhá-lo até o ensino superior, não importa que área ele escolha", diz Moana Martins, diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Música e Educação (IBME).
Tanto para Eduardo quanto para Stephanie, a oportunidade significou a descoberta de uma perspectiva de carreira profissional. Eduardo, inclusive, passou a estudar saxofone alto para ampliar as perspectivas:
"Eu posso fazer prova para entrar na Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros ou dos Fuzileiros Navais como saxofonista. Com o violino, pretendo tentar entrar em cameratas ou orquestras, como a da Petrobras e da UFRJ", projeta Eduardo, que conheceu o Geração de Sons na Escola Municipal Amazonas.
Já Stephanie, que hoje trabalha como monitora no projeto, no polo de Campos Elíseos, onde mora, se prepara para prestar vestibular para a faculdade de licenciatura em música. Seu sonho é dar aulas para crianças.
"Eu amo ensinar aos pequenos. Aonde me chamarem para estar com eles lecionando música, eu vou", diz Stephanie, que já está dando os primeiros passos para chegar ao objetivo: "Como monitora, ajudo os professores do projeto e, ao mesmo tempo, vou aprendendo observando como eles trabalham", diz Stephanie, que hoje toca na Orquestra Sinfônica Juvenil Chiquinha Gonzaga.
Com a orquestra, ela se apresentou na Espanha e em Portugal, em sua primeira viagem internacional, no fim do ano passado:
"Foi um intercâmbio cultural muito rico. Deu para ver o quanto eles têm interesse na música, na nossa cultura".
Moana explica que a metodologia procura incentivar os alunos com pequenos sucessos. Começam aprendendo uma música no primeiro dia de aula. Depois, tocam em conjunto com os colegas, com outras bandas e, dentro de um ano, já estão se apresentando publicamente nos principais espaços culturais do estado:
"Nesse processo, a gente vai envolvendo os familiares, convidando-os para participar de cada apresentação. Assim, fica mais fácil de reter os alunos no projeto".
Foi o que aconteceu com Christiane Ferreira, de 31 anos, mãe de Eduardo. Ela conta que nunca imaginou a possibilidade de o filho se tornar um profissional nas artes. O que mudou quando o viu se apresentar no Theatro Municipal.
"Nossa, foi aí que eu vi que ele poderia se tornar um músico profissional, e tocando violino em uma orquestra! Um leque de oportunidades se abriu para ele. O que vem acontecendo com a gente é algo totalmente fora da nossa realidade. A gente conseguiu furar uma bolha e entrar em um espaço que achávamos que não era para a gente", diz Christiane.
Hoje ela vê o filho mais novo, Davi Miguel, de 8 anos, dando os primeiros passos:
"Ele está seguindo o irmão, e treina em um violino menorzinho emprestado pelo projeto".
Desenvolvimento comportamental
O estudo da música também ajuda os alunos em outras áreas. Stephanie conta que quando começou as aulas, no Colégio Estadual Adelina Castro, em Campo Elíseos, estava em um momento difícil da vida, com a morte dos avós, com quem morava, e a separação dos pais:
"A música chegou nesse momento difícil, me trazendo alegria e um sentido para a minha vida".
Algo semelhante aconteceu com Eduardo:
"Eu era muito tímido. Vivia recluso. Com a música, eu comecei a interagir mais com as pessoas. E tive um sentimento de conquista quando me vi em cima de um palco sendo aplaudido pelas pessoas. É uma sensação incrível".
Melhora também nos estudos:
"A música te traz muita disciplina. Se você quer ser um bom músico, precisa se dedicar e estudar bastante. Tendo esse objetivo, a gente acaba aplicando também na escola. Uma coisa acaba ficando ligada à outra", conta Stephanie.
Onde se inscrever
As inscrições estão abertas até dia 17 e devem ser feitas no seguintes polos:
Santa Cruz
Reta João XVIII, 2.435. Segundas, quartas e sextas, das 14h às 17h30.
Rua Pedro Toledo, 10, Fonseca. De segunda a quinta, das 14h às 18h.
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