Alípio Guedes e sua cachorrinha Zoe morreram na hora com o impacto do acidenteArquivo Pessoal
O inquérito havia sido concluído dois meses após a morte, com a vítima sendo considerada a única culpada pelo acidente. Na decisão, a autoridade policial ressaltou ainda que o idoso havia ingerido álcool antes de ser atropelado e estava fora da faixa de pedestres.
"Considerando a oitiva dos envolvidos, bem como laudo pericial indicando o consumo de álcool pela vítima, e que ainda a envolvida prestou socorro no momento do atropelamento, deixo de proceder o indiciamento, não tendo condições de prever o atropelamento, pois estava pista reversível. Indicando culpa exclusiva da vítima", diz um trecho da decisão.
Em entrevista ao DIA, o advogado defendeu que o próprio laudo do perito indica que Alípio não havia ingerido bebida alcoólica, além de apontar outras falhas na investigação, como a ausência de perícia no local do acidente e no veículo da condutora, e falta de análise das imagens de câmeras de segurança que gravaram o atropelamento.
Em relação ao exame de alcoolemia, a defesa conta que no dia do acidente, que ocorreu por volta das 9h, o idoso tinha apenas tomado café com a mulher e filha, e como de costume foi passear com a cachorrinha.
"A vítima era um senhor de quase 70 anos. Neste dia ele tinha tomado café com a esposa e a filha que estava de férias da faculdade e saído para passear com a cachorrinha dele, o que ele fazia todos os dias, no mesmo trajeto, e esse relatório foi contrário a uma prova que a própria autoridade policial fez, de alcoolemia, para ver se ele tinha ingerido álcool antes do acidente e outra coisa curiosa é que foi feito isso na vítima, mas o exame não foi feito na condutora", contou.
A defesa explicou ainda que de acordo com o perito, o que tinha no sangue da vítima um índice de álcool encontrado no seu sangue estava de acordo com o que o corpo humano produz em seu próprio metabolismo. "Isso soa até desrespeitoso, a delegada disse também que ele estava fora da faixa, mas não é só por isso que o condutor não tem responsabilidade", disse.
Luis disse que a própria equipe de advogados da família juntou as imagens de dois prédios bem em frente ao local do acidente. Nas imagens, é possível ver o momento em que o carro vem de longe e atinge a vítima, que rodopia no ar e cai mais a frente. De um outro ângulo, é possível ver ainda que a condutora do veículo não para imediatamente próximo ao local onde o corpo ficou caído no chão. O idoso e sua cachorrinha morreram na hora com o impacto.
"O senhor Alípio e a cachorrinha dele faziam aniversário no mesmo dia, 10 de fevereiro, eram grudados, e ambos faleceram juntos", comentou o advogado.
A motorista do veículo, a advogada Tatiana Saboya, em depoimento, relatou que estava a 40km/h com sua família no carro a caminho do aeroporto e que não viu a vítima. Ela relatou ainda que prestou atendimento imediatamente e esperou a chegada dos policiais e Corpo de Bombeiros, e que depois compareceu à delegacia para prestar depoimento.
O advogado da família da vítima, no entanto, contesta essa versão, e acredita que a condutora estivesse em alta velocidade.
"Quando a gente analisa o vídeo a gente ver que a condutora do veículo mentiu no depoimento quando ela diz que está a 40km/h e quando ela diz que não viu a vítima porque pelas imagens ela estava com uma visão limpa, então ela agiu de forma imprudente, claro que não foi doloso, mas ela tem uma parcela de culpa. O local do impacto para o que ele foi arremessado fica em uma distância de mais de 7 metros", diz.
O Ministério Público pediu a reabertura do caso em outubro do ano passado. "Quando veio esse arquivamento repentino entramos em contato com o MP e fizemos uma representação, mostrando ponto a ponto do que achávamos da investigação. Eu tive uma reunião com o promotor que concordou com os pontos e mandou reabrir a investigação e acatou nossos pedidos", explicou o defensor.
O advogado contou ainda que espera que testemunhas sejam ouvidas e seja feita a análise dos vídeos obtidos no dia do acidente. De acordo com a Polícia Civil, diligências estão em andamento na 14ª DP (Leblon).
Procurada, Tatiana Saboya ainda não se pronunciou sobre o caso. O espaço segue aberto para inclusão de um posicionamento.
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