Torcedores caminharam pelas ruas de Caxias com diversos pedaços de madeira antes do clássico entre Flamengo e VascoReprodução

Rio - A Polícia Civil espera ouvir, nesta terça-feira (14), 100 pessoas envolvidas em brigas entre torcidas organizadas dos clubes do Rio, destacando as que aconteceram antes do duelo entre Flamengo e Vasco, no dia 5 de março, ao redor do Maracanã. O primeiro a prestar depoimento será o único das intimações que consta como autor de uma tentativa de homicídio. As oitivas serão realizadas na sede da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio.
Segundo a Polícia Civil, os torcedores estão sendo intimados por crimes como tentativa de homicídio, lesão corporal e organização criminosa. Nesta segunda-feira (13), o delegado Pablo Sartori, titular da DRCI, em um pedido de prisão temporária de quatro líderes de torcidas organizadas do Rio, informou que os torcedores identificados nas brigas já possuíam outras anotações por causa de atos criminosos.
"Destaque-se que muitos dos identificados já tem medidas de proibição de frequentar estádios em seu desfavor, e as medidas pretendidas neste procedimento visa reforçar tal restrição, uma vez que, as medidas anteriores não vem impedindo estes de participar de grupos que saem com o objetivo de praticar atos criminosos. Importante saber que um grande número dos identificados neste procedimento já tem anotações criminais anteriores, deixando clara a índole criminosa dos mesmos", escreveu.
O delegado solicitou a prisão temporária de Anderson Azevedo Dias, presidente da Young Flu; Fabiano de Souza Marques, da Força Jovem do Vasco; Bruno da Silva Paulino, da Torcida Jovem do Flamengo e Anderson Clemente da Silva, presidente da Raça Rubro-Negra. Para o chefe das investigações, os chefes das torcidas possuem conhecimento sobre as brigas e até podem participar delas.
"Não é novidade que tais torcidas estão envolvidas em atos violentos há mais de uma década, e mesmo assim, pouco mudou, o que deixa claro que seus líderes, conhecem seus membros, patrocinam as viagens dos grupos, assistem as brigas, certamente participam delas, e nada fazem para impedir tais atos ou mesmo informar as autoridades dos elementos violentos expulsando eles dos quadros das torcidas", completou.
A juíza Ana Beatriz Estrella aceitou, ainda nesta segunda-feira (13), a prisão do quarteto. Para a magistrada, a liberdade dos líderes das torcidas organizadas coloca em risco a vida de testemunhas dos crimes e pode atrapalhar na investigação.
"Os indícios da autoria participação dos representados, presidentes de torcidas organizadas, é evidente, devendo ser destacado que estes já foram autuados no passado, no Juizado do Torcedor, como membros de torcida organizada, não sendo suficientes, por hora, a aplicação de medidas cautelares substitutivas da prisão, diante da sua posição de comando dentro das instituições que presidem, pois detentores do poder decisório sobre as ações de seus comandados, a maioria deles responsáveis diretos pela prática dos atos investigados", disse a magistrada em sua decisão.
Afastamento dos estádios
O juiz Bruno Vaccari Manfrenatti, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, determinou, também nesta segunda-feira (13), o afastamento de eventos esportivos por cinco anos da Raça Rubro-Negra, da Torcida Jovem Fla, da Força Jovem do Vasco e da Young Flu.
A medida foi estabelecida por causa do inquérito que apura os atos criminosos cometidos no último dia 5 de março, quando um torcedor morreu em uma briga entre vascaínos e flamenguistas.

O magistrado também autorizou ações de busca e apreensão e a indisponibilidade de bens das torcidas. De acordo com a decisão, as diligências são necessárias para a continuação das investigações dos crimes cometidos por integrantes de torcidas organizadas.
Além da determinação, a Justiça ainda decidiu que 16 integrantes de torcidas organizadas terão que se manter afastados de estádios em dias de jogo, sendo monitorados eletronicamente com tornozeleiras, por seis meses. Eles não poderão deixar o estado do Rio sem autorização judicial e precisarão comparecer ao Juízo bimestralmente.