Torcedores foram flagrados carregando pedaços de madeira nas imediações do Maracanã, na Zona Norte do RioReprodução/ Redes sociais

Rio - O juiz Bruno Vaccari Manfrenatti, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, determinou, nesta segunda-feira (13) o afastamento de eventos esportivos por cinco anos das torcidas Raça Rubro-Negra, Jovem Fla, Força Jovem do Vasco e Young Flu. A medida foi estabelecida durante um inquérito que apura atos criminosos cometidos no último dia 5 de março, quando um torcedor morreu em uma briga entre vascaínos e flamenguistas após uma partida no Maracanã.

O magistrado também autorizou ações de busca e apreensão e a indisponibilidade de bens das torcidas. De acordo com a decisão, as diligências são necessárias para a continuação das investigações dos crimes cometidos pelos integrantes das torcidas organizadas.

"Os atos de violência noticiados, mormente os do dia 5 de março, trazem os dados que revelam a prática dos crimes investigados, bem como o envolvimento das torcidas organizadas. E nesse ponto reside o elemento concreto que fundamenta o cabimento da medida de busca e apreensão. Ressaltem-se os vídeos de barbárie e violência desenfreada, autenticadas pela PM como ações de torcidas organizadas, que foram veiculados em redes sociais e na mídia”, destacou.

Por seis meses, 16 integrantes de torcidas organizadas terão que se manter afastados de estádios em dias de jogo, sendo monitorados eletronicamente com tornozeleiras. Eles não poderão deixar o estado do Rio sem autorização judicial e precisarão comparecer ao juízo a cada dois meses.
São eles: Walla Pereira da Silva, Michael Santos da Silva, Abraão Renne Pereira, Claudio Domingos de Souza Junior, Gustavo de Miranda Dourado, Paulo Eduardo de Almeida Galvão, Maycon Tadeu Carvalho da Silva França, Daniel Oliveira de Alvarenga, Jonnathan Willian Teixeira da Silva, Jonathan da Conceição Oliveira, Vanilson Vieira Santos, Willis Lopes Filho, Thaison Souza de Abreu, Matheus Felipe Lopes de Aguiar, Max Alberto dos Santos Prata e Guilherme Henrique Santana Rabello.
Prisão temporária de líderes de torcidas organizadas é decretada
A juíza Ana Beatriz Estrella decretou, também nesta segunda-feira (13), a prisão temporária de quatro chefes de torcidas organizadas de clubes do Rio depois de intensas brigas que ocorreram na cidade, principalmente, antes do clássico Flamengo e Vasco no último dia 5 de março. O quarteto vai responder pelos crimes de organização criminosa, lesão corporal grave e tentativa de homicídio. O período de prisão corresponde a 30 dias.
A Justiça informou que aguarda a prisão de Anderson Azevedo Dias, presidente da Young Flu; Fabiano de Souza Marques, da Força Jovem do Vasco; Bruno da Silva Paulino, da Torcida Jovem do Flamengo e Anderson Clemente da Silva, presidente da Raça Rubro-Negra.
Para a magistrada, a liberdade dos líderes das torcidas organizadas coloca em risco a vida de testemunhas dos crimes e pode atrapalhar na investigação. A juíza também não aceitou a substituição da prisão por medidas, cautelares informando que os homens são responsáveis diretos pelos crimes investigados.
Morte de homem antes do clássico Fla x Vas
O duelo entre Flamengo e Vasco no último dia 5, no Maracanã, chamou a atenção dos moradores e autoridades da cidade não pelo futebol em si, mas pelo cenário de guerra antes do início da partida. Torcedores ficaram feridos depois de serem agredidos em rotas das torcidas até o estádio.
Além dos episódios de agressões, Bruno Macedo dos Santos, torcedor do Vasco de 34 anos, foi morto a tiros em São Cristóvão, próximo à São Januário. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga se o homicídio aconteceu devido a uma rixa entre traficantes.
Segundo testemunhas, Bruno foi abordado por homens armados que fizeram os disparos contra ele no meio da rua. Os criminosos não teriam relação com nenhuma das duas torcidas organizadas. Em nota oficial, a Polícia Militar informou que a morte do homem não foi confirmada pelo órgão como um incidente direto de organizadas dos dois clubes, mas que a ocorrência ocorreu próximo ao local onde os torcedores entraram em conflito.
Para a Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg), a morte de Bruno não tem relação com a briga ocorrida nas imediações do Maracanã. Segundo o presidente da associação, Luiz Claudio do Carmo, Bruno não estava na região onde aconteceu a briga entre as torcidas. "Esse fato aconteceu próximo a São Januário, em São Cristóvão. Causa estranheza essa morte ter sido inicialmente associada ao ocorrido no Maracanã", informou.